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O poder de compra das crianças e adolescentes

Setor infanto-juvenil movimenta R$ 50 bilhões/ano e marcas estão cada vez mais atentas aos mirins. As crianças e os adolescentes têm cada vez mais influência na decisão de compra das famílias, inclusive de produtos para os adultos, como computadores, celulares e até carros. Esse aumento do poder de compra acontece por causa da mudança de perfil das crianças e adolescentes, que agora ficam mais tempo em casa expostas a mídia (TV, internet, games, rádio, MP3 players, entre outros), diz o gerente de programação do seminário Kid Power & Tweens 2007, Rogério Lin. A terceira edição do evento, realizado no Staybridges Suítes São Paulo, termina hoje, na capital paulista.

"Como os pais agora estão mais tempo no mercado de trabalho do que antes, acabam dando mais presentes para suprir essa falta de companhia. Então as crianças tem maior poder de barganha e os pais são mais vulneráveis aos pedidos das crianças e adolescentes, que vêem uma propaganda na TV e pedem o produto aos pais. Elas são hoje mais impactadas pela mídia", comenta Lin.

O mercado infanto-juvenil movimenta mais de R$ 50 bilhões por ano, com alimentos, roupas, brinquedos, eletrônicos, TV, propaganda, entre outros produtos, segundo pesquisa da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA). As crianças brasileiras são campeãs mundiais em horas gastas em frente à televisão. Em 2005, por exemplo, foram, em média, 4h51 minutos e 19 segundos por dia para crianças de 4 a 11 anos, informa pesquisa do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope).

O impacto acontece por todos os meios de comunicação: 85% vêem TV, 74% jogam jogos on-line e 72% navegam na internet diariamente ou quase todos os dias, segundo pesquisa realizada pelo canal Cartoon Network no Brasil.

Somente 18% das crianças pesquisadas disseram que não realizam nenhuma outra atividade, ao mesmo tempo em que assiste ou navega na internet - 82% delas simultaneamente comem, navegam na internet e fazem lição de casa, entre outras atividades. É a chamada geração M (multiplataforma e multitarefa), caracterizada por fazer várias coisas ao mesmo tempo, em diversas mídias. A pesquisa informa ainda que no País 73% da geração mais nova, que hoje tem entre 8 e 11 anos, começou a usar a internet muito cedo, quando tinha de 4 a 8 anos.

Os adolescente já possuem um "mundo à parte": 47% têm sua própria TV, 26% têm computador para seu uso próprio e 67% preferem surfar na internet a ver TV, segundo pesquisa do instituto de pesquisa de origem inglesa Millward Brown, realizada no mês de junho de 2007, junto aos adolescentes (meninos e meninas), de 8 a 12 anos, das classes A e B, moradores em São Paulo e Rio de Janeiro. Quase metade (48%) têm celulares, o que representa o dobro do número encontrado na pesquisa de 2002.

"Um plano de marketing mesmo direcionado à adultos tem que incluir a criança no planejamento, por seu maior poder de influência. Eles têm mais acesso aos meios de comunicação, dizem que marca os pais devem comprar e interferem na decisão de compra", ressalta a vice presidente do instituto do Millward Brown, Aurora Yasuda.
Os gastos com propaganda aumentaram de R$ 65 milhões em 2003 para R$ 117 milhões em 2004 e o faturamento com licenciamentos deve atingir R$ 3 bilhões em 2007, montante 11% maior que em 2006, segundo pesquisa da Associação Brasileira de Licenciamento (Abral).

Os fatores que mais influenciam o consumo de produtos infantis são propaganda na TV, personagem famoso, embalagens e marca conhecida, e os produtos mais pedidos pelas crianças são: biscoitos/bolachas, refrigerantes, salgadinhos de pacotes, achocolatados, balas/chocolates, iogurtes, macarrão instantâneo, cereais, sorvetes e brinquedos.

Além do maior poder de influência na decisão de compra das famílias, o seminário Kid Power & Tweens abordou também as preocupações das crianças e adolescentes. Pesquisa do canal Nickelodeon com 2,8 mil crianças na idade entre 8 e 15 anos, das classes A, B e C, em 14 países, apontou que as crianças brasileiras são as mais preocupadas do mundo com a questão da segurança e futuro. A pesquisa informa que 75% das crianças brasileiras estão preocupadas com a sua segurança e seu maior medo, para 98%, é a morte dos pais.


Fonte: Por Gustavo Viana, in Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 6

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