Pular para o conteúdo principal

Executivos brasileiros são mais competentes

Muitos exaltam a competência dos executivos brasileiros e, em apoio a seus argumentos, citam o exemplo dos que chegaram ao topo de gigantes globais como a Renault, a Alcoa e a InBev. Uma pesquisa realizada pela consultoria americana Caliper revela o que há de verdade nessa avaliação e se, de fato, as qualidades dos líderes dos trópicos são diferentes das exibidas por seus colegas estrangeiros.

O levantamento comparou altos executivos brasileiros e americanos. Foram entrevistados cerca de 300 líderes em cada país - presidentes, vice-presidentes, superintendentes e diretores seniores. Os resultados mostram que, no geral, são profissionais com características muito semelhantes. Exibem ousadia e coragem para assumir riscos. Gostam de persuadir os subordinados da importância de seus projetos. São objetivos na defesa de seus pontos de vista. Há uma diferença, porém, que faz a balança pender um pouco para o lado dos brasileiros. É que demonstram mais rapidez e flexibilidade para tomar decisões, qualidades desenvolvidas em anos de hiperinflação e sucessivos pacotes econômicos . "Os executivos no Brasil formaram-se em um período de muita instabilidade, encerrado há pouco tempo. Uma experiência bem diferente da vivida pelos líderes nascidos nos Estados Unidos, que são mais voltados para o longo prazo", diz o americano George Brough, diretor de desenvolvimento da Caliper Brasil. "Os americanos foram ensinados a trabalhar com planos de dez a 15 anos", afirma.

Outras diferenças não podem ser computadas a favor de um lado ou de outro, segundo Brough. Um americano costuma se dirigir a sua equipe de maneira direta, sem rodeios. Sua preocupação está toda concentrada na obtenção de resultados. O brasileiro, ainda que sem tirar os olhos de suas metas, costuma ter mais cuidado ao tratar com seus colaboradores. "Ambos são assertivos, mas de uma maneira diferente. Às vezes, os brasileiros acham que um americano está sendo grosseiro, mas este avalia seu comportamento como natural e objetivo", afirma. "São modelos culturais distintos, que podem ser positivos em alguns casos e negativos em outros."

Em algumas organizações, a discussão sobre diferentes estilos de liderança importa muito pouco. Isso ocorre, de acordo com o consultor, em companhias que desenvolveram uma cultura própria tão poderosa que se sobrepõe à dos países nos quais estão instaladas. São os casos, por exemplo, do Wal-Mart, da IBM, da Johnson & Johnson e da Alcoa, nas quais uma liderança necessariamente terá de se adaptar aos padrões que, consolidados durante muitas décadas, orientam essas companhias.

Brough acredita que a globalização tende a reduzir as diferenças de comportamento entre executivos de diferentes cantos do mundo. A tendência é que, no longo prazo, o mercado global imponha o surgimento de um líder igualmente global.


Fonte: epocanegocios.globo.com

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

H2OH! - um produto desacreditado que virou sucesso

O executivo carioca Carlos Ricardo, diretor de marketing da divisão Elma Chips da Pepsico, a gigante americana do setor de alimentos e bebidas, é hoje visto como uma estrela em ascensão no mundo do marketing. Ele é o principal responsável pela criação e pelo lançamento de um produto que movimentou, de forma surpreendente, o mercado de bebidas em 11 países. A princípio, pouca gente fora da Pepsi e da Ambev, empresas responsáveis por sua produção, colocava fé na H2OH!, bebida que fica a meio caminho entre a água com sabor e o refrigerante diet. Mas em apenas um ano a H2OH! conquistou 25% do mercado brasileiro de bebidas sem açúcar, deixando para trás marcas tradicionais, como Coca-Cola Light e Guaraná Antarctica Diet. Além dos números de vendas, a H2OH! praticamente deu origem a uma nova categoria de produto, na qual tem concorrentes como a Aquarius Fresh, da Coca-Cola, e que já é maior do que segmentos consagrados, como os de leites com sabores, bebidas à base de soja, chás gelados e su

Doze passos para deixar de ser o “bode expiatório” na sua empresa

Você já viu alguma vez um colega de trabalho ser culpado, exposto ou demitido por erros que não foi ele que cometeu, e sim seu chefe ou outro colega? Quais foram os efeitos neste indivíduo e nos seus colegas? Como isso foi absorvido por eles? No meu trabalho como coach, tenho encontrado mais e mais casos de “bodes expiatórios corporativos”, que a Scapegoat Society, uma ONG britânica cujo objetivo é aumentar a consciência sobre esta questão no ambiente de trabalho, define como uma rotina social hostil ou calúnia psicológica, através da qual as pessoas passam a culpa ou responsabilidade adiante, para um alvo ou grupo. Os efeitos são extremamente danosos, com conseqüências de longo-prazo para a vítima. Recentemente, dei orientação executiva a um gerente sênior que nunca mais se recuperou por ter sido um dia bode expiatório. John, 39 anos, trabalhou para uma empresa quando tinha algo em torno de 20 anos de idade e tudo ia bem até que ele foi usado como bode expiatório por um novo chefe. De

Conselho Federal de Marketing?

A falta de regulamentação da profissão de marketing está gerando um verdadeiro furdunço na Bahia. O consultor de marketing André Saback diz estar sendo perseguido por membros do Conselho Regional de Administração da Bahia (CRA/BA) por liderar uma associação – com nome de Conselho Federal de Marketing e que ainda não está registrada – cujo objetivo, segundo ele, é regulamentar a profissão. O CRA responde dizendo que Saback está praticando estelionato e que as medidas tomadas visam a defender os profissionais de administração. Enquanto André Saback, formado em marketing pela FIB - Centro Universitário da Bahia -, diz militar pela regulamentação da profissão, o Presidente do CRA/BA, Roberto Ibrahim Uehbe, afirma que o profissional criou uma associação clandestina, está emitindo carteirinhas, cobrando taxas e que foi cobrado pelo Conselho Federal de Administração por medidas que passam até por processar Saback, que diz ter recebido dois telefonemas anônimos na última semana em tom de ameaç