Pular para o conteúdo principal

Quando a discrição é a alma do negócio – e do lucro

Você talvez não tenha ouvido falar do empresário Charles Koch, o que é compreensível. Discreto, quase invisível, Koch comanda da cidade de Wichita, nos EUA, um conglomerado de celulose, plástico, energia, agropecuá­ria e finanças que faturou em 2006 US$ 90 bilhões; para dar uma idéia, 60% a mais do que a Procter & Gamble no mesmo período. Contudo, a Koch Industries se mantém em regime de capital fechado, sem ações negociá­veis em bolsa. Charles Koch seria um dinossauro no mundo globalizado e interligado de hoje, mas, ao completar 71 anos, reservou ao mercado uma grande cartada, mostrando ao público que havia um método por trás de seu aparente conservadorismo. A cartada atende pelo nome de The Science of Success. "A ciência do sucesso" é um livro, escrito pelo velho Koch para explicar a metodologia que o levou ao êxito, e tem recebido rasgados elogios na imprensa americana. Os poucos que o conheciam sabiam de seu gênio para os negócios. Os muitos críticos que resenharam a obra apontam agora seu gênio para a literatura dos negócios, na esteira de pensadores liberais como Ludwig von Mises e Friedrich von Hayek.

Receita erudita garante sucesso de Koch que, longe da bolsa, fatura mais que a P&G
O livro, inédito no Brasil, foi originalmente escrito para ser distribuído entre os funcionários da Koch. Porém, a antenada editora Wiley convenceu o empresário a lançá-lo para o grande público. A obra mostra que princípios eruditos podem na prática conviver, e fazer prosperar, um grande empreendimento, caso da Koch Industries. O guru do velho empresário, além do austríaco Von Mises, é o psicólogo especialista em comportamento Abraham Maslow. A base do credo econômico da Koch é o das "ciências da ação humana" - termo cunhado por Ludwig von Mises. Ou seja, a administração instituída por Charles Koch não se baseia apenas em princípios da economia, mas também da psicologia, antropologia, biologia e da filosofia da ciência. Os fundamentos da neurociência - como as pessoas aprendem, como formam modelos mentais que as guiam a pensar e agir - são aplicados durante os processos de aquisição de uma nova empresa, quando existe a necessidade de fazer novos funcionários pensarem e agir de modo diferente do padrão antigo. Outro conceito importante, tirado do economista Friedrich von Hayek, é o de que o mercado é um eterno processo empírico de descoberta. "Partindo disso, a nossa filosofia é a de primeiro conhecer as nossas capacidades para só então sair em busca das melhores oportunidades de negócio."

Tudo isso seria impossível com o capital aberto. "Como empresa fechada, podemos maximizar nosso valor no longo prazo, sem ter de dar satisfações sobre desempenhos trimestrais", diz. Concorde com ele ou não, uma coisa é certa: há muito que aprender com o velho empresário de Wichita.

Neurociência – O termo começou a ser usado durante a década de 70. Designa um conjunto de disciplinas que estudam a estrutura e as funções do sistema nervoso, como a neurologia, a bioquímica, a psicologia e a psiquiatria.


Fonte: Por Álvaro Oppermann, in epocanegocios.globo.com

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

H2OH! - um produto desacreditado que virou sucesso

O executivo carioca Carlos Ricardo, diretor de marketing da divisão Elma Chips da Pepsico, a gigante americana do setor de alimentos e bebidas, é hoje visto como uma estrela em ascensão no mundo do marketing. Ele é o principal responsável pela criação e pelo lançamento de um produto que movimentou, de forma surpreendente, o mercado de bebidas em 11 países. A princípio, pouca gente fora da Pepsi e da Ambev, empresas responsáveis por sua produção, colocava fé na H2OH!, bebida que fica a meio caminho entre a água com sabor e o refrigerante diet. Mas em apenas um ano a H2OH! conquistou 25% do mercado brasileiro de bebidas sem açúcar, deixando para trás marcas tradicionais, como Coca-Cola Light e Guaraná Antarctica Diet. Além dos números de vendas, a H2OH! praticamente deu origem a uma nova categoria de produto, na qual tem concorrentes como a Aquarius Fresh, da Coca-Cola, e que já é maior do que segmentos consagrados, como os de leites com sabores, bebidas à base de soja, chás gelados e su

Doze passos para deixar de ser o “bode expiatório” na sua empresa

Você já viu alguma vez um colega de trabalho ser culpado, exposto ou demitido por erros que não foi ele que cometeu, e sim seu chefe ou outro colega? Quais foram os efeitos neste indivíduo e nos seus colegas? Como isso foi absorvido por eles? No meu trabalho como coach, tenho encontrado mais e mais casos de “bodes expiatórios corporativos”, que a Scapegoat Society, uma ONG britânica cujo objetivo é aumentar a consciência sobre esta questão no ambiente de trabalho, define como uma rotina social hostil ou calúnia psicológica, através da qual as pessoas passam a culpa ou responsabilidade adiante, para um alvo ou grupo. Os efeitos são extremamente danosos, com conseqüências de longo-prazo para a vítima. Recentemente, dei orientação executiva a um gerente sênior que nunca mais se recuperou por ter sido um dia bode expiatório. John, 39 anos, trabalhou para uma empresa quando tinha algo em torno de 20 anos de idade e tudo ia bem até que ele foi usado como bode expiatório por um novo chefe. De

Conselho Federal de Marketing?

A falta de regulamentação da profissão de marketing está gerando um verdadeiro furdunço na Bahia. O consultor de marketing André Saback diz estar sendo perseguido por membros do Conselho Regional de Administração da Bahia (CRA/BA) por liderar uma associação – com nome de Conselho Federal de Marketing e que ainda não está registrada – cujo objetivo, segundo ele, é regulamentar a profissão. O CRA responde dizendo que Saback está praticando estelionato e que as medidas tomadas visam a defender os profissionais de administração. Enquanto André Saback, formado em marketing pela FIB - Centro Universitário da Bahia -, diz militar pela regulamentação da profissão, o Presidente do CRA/BA, Roberto Ibrahim Uehbe, afirma que o profissional criou uma associação clandestina, está emitindo carteirinhas, cobrando taxas e que foi cobrado pelo Conselho Federal de Administração por medidas que passam até por processar Saback, que diz ter recebido dois telefonemas anônimos na última semana em tom de ameaç