Pular para o conteúdo principal

Marcas da biodiversidade

O mercado de cosméticos teve um faturamento de R$ 17,5 bilhões em 2006, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos. Para se diferenciar nesse segmento, algumas companhias começaram a destacar nesta década o uso de matérias-primas naturais, vindas da biodiversidade brasileira, ou não, como elementos importantes na composição dos produtos. Chá verde, castanha-do-pará, cupuaçu, andiroba, linhaça, erva-doce, buriti, guaraná são alguns dos componentes utilizados na formulação de géis, cremes, xampus e sabonetes. "Além de usar os elementos na formulação dos produtos, as empresas precisam mostrar os benefícios reais dessas matérias-primas", afirma a diretora-associada da Troiano Consultoria de Marca, Renata Pereira Lima. Ela comenta que o uso de elementos da biodiversidade brasileira é um diferencial na estratégia de marketing das companhias.

"Cada descoberta do uso desses elementos representa uma inovação para a marca, como se ela se renovasse a cada lançamento", completa. O diretor de marketing de cosméticos da Avon no Brasil, Ricardo Patrocínio, concorda. "Essa preocupação em usar elementos naturais nos cosméticos é mundial", afirma.

A Avon lançou a linha Liiv Botanicals, que utiliza extratos botânicos. "Uma pesquisa mostrou que seis entre 10 mulheres, no mundo, preferem produtos de cuidados da pele da face que contenham tanto ervas naturais e plantas medicinais quanto ingredientes tecnologicamente avançados", diz Patrocínio.

Uma companhia que historicamente explora nas ações de marketing o uso de elementos naturais em seus produtos é a Natura. "Na verdade, não se trata de usar esse fator como marketing , mas de também mostrar a filosofia da empresa", afirma a gerente de marcas da Natura, Andrea Sanches. A companhia lançou a linha Ekos em 2000 cuja comunicação mostra para o consumidora uma preocupação não somente em fazer um produto de qualidade, mas em obter esses produtos de uma forma sustentável. "Existe uma preocupação com toda a cadeia de produção da linha, tudo é feito de forma sustentável", diz a executiva.

"O importante nesse processo é a companhia mostrar transparência. Isso, de uma certa forma, toca o consumidor", comenta Renata, da Troiano. "Isso é marketing. A empresa consegue construir e fortalecer a marca mostrando não só do que é feito o produto, mas como ele é feito", completa. A estratégia da Natura tem dado certo. A empresa foi a vencedora na categoria Produtos de Beleza, na última edição do prêmio Top of Mind, da Folha de S.Paulo.

Com o objetivo de conquistar um público mais jovem e de reposicionar a marca, pela primeira vez a francesa Loccitane produz uma linha fora da França. Trata-se da Loccitane do Brasil, formada por oito produtos que têm na biodiversidade brasileira sua principal fonte de matéria-prima: cupuaçu, buriti e castanha-do-pará se juntam a produtos feitos e elaborados nos laboratórios franceses. "Isso é um fato inédito", comenta o diretor de marketing da Loccitane no Brasil, Anderson Moraes. Ele conta que o lançamento dessa linha é o primeiro passo da estratégia da empresa de reforçar seu posicionamento de cuidados com a pele. "Além disso, com um preço mais acessível, o objetivo é conquistar novos consumidores", continua o executivo.

A expectativa em relação à linha brasileira é uma representatividade de 5% no faturamento da empresa num prazo de três anos. Hoje, a Loccitane possui 23 linhas de produtos no portfólio e o objetivo é que a linha do Brasil esteja entre as 10 mais vendidas no País.


Fonte: Por Sheila Horvath, in Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 2

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

H2OH! - um produto desacreditado que virou sucesso

O executivo carioca Carlos Ricardo, diretor de marketing da divisão Elma Chips da Pepsico, a gigante americana do setor de alimentos e bebidas, é hoje visto como uma estrela em ascensão no mundo do marketing. Ele é o principal responsável pela criação e pelo lançamento de um produto que movimentou, de forma surpreendente, o mercado de bebidas em 11 países. A princípio, pouca gente fora da Pepsi e da Ambev, empresas responsáveis por sua produção, colocava fé na H2OH!, bebida que fica a meio caminho entre a água com sabor e o refrigerante diet. Mas em apenas um ano a H2OH! conquistou 25% do mercado brasileiro de bebidas sem açúcar, deixando para trás marcas tradicionais, como Coca-Cola Light e Guaraná Antarctica Diet. Além dos números de vendas, a H2OH! praticamente deu origem a uma nova categoria de produto, na qual tem concorrentes como a Aquarius Fresh, da Coca-Cola, e que já é maior do que segmentos consagrados, como os de leites com sabores, bebidas à base de soja, chás gelados e su

Doze passos para deixar de ser o “bode expiatório” na sua empresa

Você já viu alguma vez um colega de trabalho ser culpado, exposto ou demitido por erros que não foi ele que cometeu, e sim seu chefe ou outro colega? Quais foram os efeitos neste indivíduo e nos seus colegas? Como isso foi absorvido por eles? No meu trabalho como coach, tenho encontrado mais e mais casos de “bodes expiatórios corporativos”, que a Scapegoat Society, uma ONG britânica cujo objetivo é aumentar a consciência sobre esta questão no ambiente de trabalho, define como uma rotina social hostil ou calúnia psicológica, através da qual as pessoas passam a culpa ou responsabilidade adiante, para um alvo ou grupo. Os efeitos são extremamente danosos, com conseqüências de longo-prazo para a vítima. Recentemente, dei orientação executiva a um gerente sênior que nunca mais se recuperou por ter sido um dia bode expiatório. John, 39 anos, trabalhou para uma empresa quando tinha algo em torno de 20 anos de idade e tudo ia bem até que ele foi usado como bode expiatório por um novo chefe. De

Conselho Federal de Marketing?

A falta de regulamentação da profissão de marketing está gerando um verdadeiro furdunço na Bahia. O consultor de marketing André Saback diz estar sendo perseguido por membros do Conselho Regional de Administração da Bahia (CRA/BA) por liderar uma associação – com nome de Conselho Federal de Marketing e que ainda não está registrada – cujo objetivo, segundo ele, é regulamentar a profissão. O CRA responde dizendo que Saback está praticando estelionato e que as medidas tomadas visam a defender os profissionais de administração. Enquanto André Saback, formado em marketing pela FIB - Centro Universitário da Bahia -, diz militar pela regulamentação da profissão, o Presidente do CRA/BA, Roberto Ibrahim Uehbe, afirma que o profissional criou uma associação clandestina, está emitindo carteirinhas, cobrando taxas e que foi cobrado pelo Conselho Federal de Administração por medidas que passam até por processar Saback, que diz ter recebido dois telefonemas anônimos na última semana em tom de ameaç