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Universal estimula, em culto, boicote a veículos de comunicação

Depois de uma série de notícias de que fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus entraram com dezenas de processos contra jornais em São Paulo, no Rio de Janeiro e na Bahia, e que a Rede Record exibiu uma reportagem de 14 minutos sobre o que chama de "preconceito" da mídia, os freqüentadores da Igreja Universal na Avenida João Dias, na Zona Sul da capital paulista, assistiram a um culto em que referências, veladas ou explícitas, foram feitas ao caso, conforme revela reportagem feita por Eduardo Neco, estagiário do Portal IMPRENSA.

Sob o comando do bispo Clodomir, a reunião se iniciou às 18h com a leitura de uma passagem da bíblia e um hino cantado com fervor pelos fiéis. A igreja, que possui capacidade para mais de oito mil pessoas, tinha apenas 15% de seus lugares ocupados. A suntuosa construção, ornada com vitrais que somam a quantia de R$ 3 milhões de reais, segundo informou a própria Iurd na época de sua inauguração, é chamada de Catedral da Fé e, popularmente, conhecida pelos moradores da região como "Casa da Moeda".

Durante todo o culto, o bispo citava a luta dos fiéis e da própria igreja contra os "inimigos desse mundo", no entanto, sem citar nomes ou fazer menção ao jornal Folha de S.Paulo ou a outros veículos.

Durante uma citação, o bispo levantou a bíblia e declarou: "Isto aqui é um documento incontestável; não como aquele que o José Serra assinou dizendo que ficaria na Prefeitura de São Paulo e depois rasgou, botou fogo ou deu descarga". Logo depois reiterou: "Mas quero deixar claro que não tenha nada contra o PSDB ou o governador".

Manchete não sobreviveu à força da fé; Globo é a próxima

Sempre muito comedido e educado, o bispo tateava com calma a sensibilidade dos fiéis, sempre lembrando que é necessário combater o inimigo. No entanto, quase no final da cerimônia, ao anunciar a venda do jornal oficial da igreja, a Folha Universal, o bispo revelou que o mesmo trazia uma reportagem comprovando o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva às ações dos fiéis da Iurd. A partir de então, a calma e polidez do bispo foram deixadas de lado.

O bispo relatou que os ataques do jornal Folha de S.Paulo, na verdade, representam o medo do diário de perder leitores para a Folha Universal que, segundo ele, nada deixa a desejar aos jornais de todo o país. Ele afirmou, ainda, que cancelou sua assinatura do provedor UOL pela conduta "duvidosa e pecaminosa" do portal.

Ele lembrou que a extinta Rede Manchete foi a primeira a se levantar contra a Iurd e não sobreviveu à força da fé. Logo depois, comentou que a Rede Globo é a próxima e que, gradativamente, a Rede Record, de propriedade do bispo Edir Macedo, chegará à liderança.

Em suas últimas palavras, o bispo abençoou a todos e fez gestos que simbolizavam o massacre dos veículos que estão envolvidos em conflitos judiciais com a igreja enquanto dizia: "Só ficaremos felizes quando vermos eles... [gesticulava pisoteando, simulando massacre com as mãos]. Entende, irmãos? Amém? AMÉM?".

O caso IURD versus mídia
Entre os assuntos mais noticiados pela imprensa brasileira nas últimas semanas, está o impasse entre a Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) e veículos de comunicação do país, em especial, a Folha de S.Paulo. Cerca de 50 processos foram movidos por fiéis da Igreja contra a Folha e a jornalista Elvira Lobato, alegando terem se sentindo ofendidos, por matéria de título "Universal chega aos 30 anos com império empresarial", que lista os bens acumulados pela Igreja desde sua fundação.

Os maiores jornais do país, Estadão e O Globo, saíram em defesa da Folha, através de editoriais e matérias, repercutidas por todo o Brasil - e também no exterior. Em contrapartida, a Universal alegou, em comunicado, que embora tenha entrado com processos contra a Folha e Elvira Lobato, não tem qualquer interesse em orquestrar e incentivar processos individuais por parte de seus fiéis, alegando defender a liberdade de imprensa.


Fonte: Por Eduardo Neco/Redação Portal IMPRENSA, in portalimprensa.uol.com.br

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