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A arte de enfrentar os maiores paradoxos

Nunca se falou tanto de coach (em inglês, treinadores que ajudam na melhoria de resultados, aperfeiçoamento da liderança e demais aspectos profissionais) nas empresas como agora. A imagem é apropriada também na tradução em francês: coches são as antigas carruagens usadas para o transporte de pessoas. Exatamente como um importante veículo que utiliza metodologias e ferramentas próprias para o desenvolvimento do capital humano a atividade de coach disseminou-se com rapidez impressionante no mundo.

As razões são diversas. As organizações estão mais matriciais, por causa da globalização. Além da tradicional cobrança por resultados, exigem dos executivos muito equilíbrio e bastante agilidade. Ou seja, eles precisam estar preparados para enfrentar paradoxos, como a necessidade de delegar e "colocar a mão na massa" no negócio quase que simultaneamente; assumir riscos maiores sem fragilizar a empresa; e - como se tudo isto não bastasse - têm que estimular a inovação e a criatividade sem causar impacto nos conservadores acionistas e abrir mão do tradicional conforto.

Soa até estranho exigir executivos equilibrados e rápidos na tomada de decisão em ambientes corporativos cada vez mais ambíguos. Esta é das missões mais nobres dos coaches, ajudar as pessoas a crescerem nestes ambientes mais hostis; a enxergar o que querem ser ao longo da vida profissão; onde querem chegar; expandir competências e aptidões. Mais: descobrir que as respostas estavam neles mesmos e não sabiam que sabiam.

Normalmente, as empresas recorrem ao coach quando: a) o profissional acabou de ser promovido e há necessidade de ajuste para a posição nova; b) ele irá para nova posição e há necessidade de preparo para que a mudança ocorra de forma mais tranqüila; c) acabou de entrar em uma empresa, para facilitar a integração; d) está numa posição, porém há necessidade de ajustes para que a performance seja ainda melhor ou e) está para se aposentar e precisa de preparo para esta etapa.

Mas existem projetos mais estratégicos. Apoiado por um coach, o executivo que integra a cadeia de comando pode definir melhor suas metas estratégicas, com base em amplo conhecimento de sua força de trabalho e demais colaboradores. Os coaches também trabalham com gerentes e equipes de negócios para ajudar na integração e estabelecer planos de ação. Para preservar as partes envolvidas, as sessões de coaching são totalmente confidenciais e o processo pode durar até um ano.

Para a empresa conseguir resultados sustentáveis, não há como fazer milagres: seus executivos e demais profissionais precisam conhecer suas fraquezas, para reverter seus pontos fracos. Bem como, claro, descobrirem os pontos fortes e, sobretudo, aperfeicoá-los sempre, para usá-los como arma no momento certo. Neste sentido o coach, como treinador, pode ajudar e muito. Ele é agente externo, não faz parte da organização e não está envolvido política nem emocionalmente com ela. Pode, então, fazer o contraponto correto, livre de distorções.


Fonte: Por Irene Azevedo, in Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 9

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