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As marcas estão vestidas

Estou indo, daqui duas semanas, para um evento da I-COM sobre métricas e que se realizará em Barcelona. O que me atraiu para o evento é esta programação onde serão pontuadas questões que considero fundamentais para entender as últimas tendências do comportamento do internauta: What is Engagement? Behavioral Targeting - The Planning Revolution, Buzz / Social Media Measurement e The Changing Web, 2.0 - Site & User Centric Future of PI, Ajax, Time spent etc. Não é isto que mais precisamos discutir agora? É isto e mais alguma coisa.

O ponto de hoje é que, para muitas empresas, já passou o momento de entender a importância da internet para suas marcas (embora muitas delas – e olha que são muitas mesmo – ainda acham que é ficar fazendo pirotecnia online).

O que é preciso, mais do que nunca, é se concentrar em como a web mais do que se insere, se mistura, na vida do consumidor. Porque a equação será essa em tempos de comportamento digital. A marca deve estar para o consumidor, no mínimo, na mesma proporção que a web está enroscada na vida dele. De preferência, a marca deve ter iniciado seu processo de “digitalização” para manter o diálogo com quem de fato vai “consumi-la” e, mais do que isso, com quem deseja deconstruí-la para criá-la à sua imagem e semelhança. Deuses modernos sim senhor.

Todos sabemos que investir dinheiro hoje em qualquer lugar – incluindo a web – é uma questão de negócios onde o que conta é o ROI (Return Of Investment). Então como é que você, gerente, diretor ou presidente de uma empresa vai justificar sua verba em campanhas digitais se isto não for mensurável?

Pois é, ainda estamos na discussão sobre o papel das pageviews e do usuário único e já é hora de saber qual é a melhor métrica para entender o comportamento dentro das redes sociais, por exemplo. É lá que fervilha esse sujeito escorregadio chamado cliente. O que vale? O tempo que ele gasta? Em quantas comunidades participa? Quantas vezes recomenda algo? Quantas vezes cita ou comenta a sua marca predileta no blog? Quando faz um download ou troca arquivos em redes P2P? Quando posta uma enquete? Quando faz um vídeo no dia dos namorados só para homenagear sua marca predileta.

Nossa história até se desenha por aí. Mas o que vale, na minha opinião, é entender algo que vem antes das métricas. Eu destacaria um conceito que chamo de “usucapião digitalis”. Usucapião deriva do latim usucapio, de usucapere, ou seja, tomar (capere) ou adquirir algo pelo uso. Quando você come aquele chocolate por 40 anos da sua vida (como o Baton, da Garoto, por exemplo) o que você tem com ele é um autêntico usucapião. Nenhum presidente ou diretor da empresa pode negar isso a você. Conceitualmente falando, claro. É nesse ponto que faço a minha releitura da expressão usucapião.

Bem, a métrica será regularmente questionável porque sempre terá uma enorme capacidade de ser ela também mutante e, claro, à imagem e semelhança do próprio cliente: escorregadia. Então, planejadores digitais estão “condenados” a se transformarem em estranhos seres que todo dia acordam para um mundo quase de cabeça para baixo.

Se sua agência digital não tiver uns sujeitos assim, capazes de aceitar o novo com alegria, de analisar as métricas com conceitos completamente diferentes de tudo que você conheceu até agora... desconfie.

Acredito que na hora de calcular o ROI de um projeto digital só estaremos roçando nos melhores resultados (e isto é uma necessidade) quando começarmos a vislumbrar (e usar em nossas análises) mais conceitos filosóficos, linguísticos, psicológicos e antropológicos. Eles perpassarão pelo comportamental do homo digitalis como a única forma de entendê-los num estado de “work in progress”.

Mais do que estatísticas frias, os achados para as marcas e o quanto se medirá uma relação entre elas e os consumidores serão qualitativos e com grande dose de variabilidade. Isso nos obrigará, profissionais da área que somos, a todo dia acordar mais maravilhados para esse admirável mundo novo. E com o coração e a mente em disponibilidade para o novo do novo. É isso. Trago novidades de Barcelona!


Fonte: Por Risoletta Miranda, in Coluna Weblogia - idgnow.uol.com.br

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