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Bom negócio social

Não costuma ser entre quatro paredes que surgem idéias inovadoras. Até executivos de empresas globais vêm se dando conta de que a proximidade com o consumidor é a principal fonte de inspiração para criar. Alan Lafley, presidente da Procter & Gamble, que fabrica produtos como pasta de dente e fraldas, é um exemplo. Ele gasta boa parte do seu escasso tempo observando consumidores em supermercados. Também foi assim, na rua, que um dos sócios de uma empresa que reúne 12 concessionárias de automóveis de várias marcas vislumbrou uma nova oportunidade.
Visitando uma de suas lojas em São Paulo, ele viu um jovem casal, com o filho de poucos meses no colo, comprando um carro novo. O que o intrigou foi que eles estavam comprando um automóvel com a isenção de impostos concedida por lei a deficientes, mas eles pareciam não ter problema algum. Considerando a isenção do IPI e do ICMS, o carro fica em torno de 35% mais barato - a regra vale para veículos nacionais de até R$ 60.000. "Conversando com o vendedor, descobrimos que o bebê nascera com um problema congênito e, pela lei, os pais tinham direito ao benefício", explica Dreyfus Carmona, diretor comercial da rede Grand Company.

Foi então que surgiu a idéia de abrir uma loja exclusiva para esse público. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem no país cerca de 30 milhões de pessoas deficientes; destas, 40% são das classes A e B. De olho nesse mercado, em janeiro a empresa inaugurou a loja Grand Special. Qualquer concessionária pode vender um veículo com as tais isenções. Mas na prática é raro encontrar um vendedor que saiba informar o que o cliente precisa fazer para poder usar o benefício.

A sacada da Grand Company está justamente em reunir, em um único lugar, uma ampla gama de serviços que facilita - e muito - a vida desse consumidor. Lá mesmo um funcionário de uma empresa especializada se encarrega de obter as certificações necessárias com a Receita Federal, a Secretaria da Fazenda e o Detran. O custo do serviço, que gira em torno de R$ 450, é bancado pela própria loja. Ela também mantém parceria com uma empresa que faz as adaptações necessárias no veículo. "São facilidades que não têm preço para um cliente com esse perfil", diz o gerente Sérgio Navarro.

Todo o local foi adaptado para receber pessoas com dificuldade de locomoção, surdas e cegas. Há sinalizações em braile por todo lado - inclusive nos cartões de visita -, um telefone para surdos, além de móveis adequados para quem usa cadeira de rodas. Os funcionários fizeram um curso da Língua Brasileira de Sinais, usada pelos surdos. A expectativa é que a unidade ainda neste ano atinja o mesmo volume de vendas que as demais lojas - entre 80 e 100 carros por mês. E pensar que a idéia inovadora surgiu da simples observação - um aprendizado para qualquer empresa.


Fonte: empresas.globo.com/empresasenegocios

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