Pular para o conteúdo principal

Especialistas ajudam a lidar com a demissão

Para mostrar como as estimativas de desemprego continuam a parecer pessimistas, os consultores financeiros estão ajudando os clientes a lidar com os aspectos financeiros - e emocionais - da perda de emprego. Eles tentam ajudar seus clientes a navegar pelas águas turbulentas do desemprego, criando orçamentos, decidindo se movimentam ou não seus planos de aposentadoria e comparando opções de seguro-saúde.

Mas a primeira coisa que um consultor pode ter de fazer é dar apoio psicológico. "O lado emocional vem primeiro, e os números ficam em segundo plano", comenta Doug Vander Weide, consultor de riquezas do grupo financeiro Ameriprise Financial, uma divisão da American Express. Ser demitido representa "um grande golpe", diz Vander Weide. "Eles querem ter ajuda emocional. O que eles querem saber é que vão estar bem", diz Weide.

Embora a taxa de desemprego dos Estados Unidos tenha se estabilizado em 4,9% em janeiro, ainda é maior do que a média de 4,6% registrada no mesmo período de 2007, conforme dados do Departamento do Trabalho. O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) não acredita que a taxa será melhor em 2008: segundo suas previsões, a taxa ficará entre 5,2% e 5,3%.

Os pedidos de seguro-desemprego aumentaram em 19 mil na semana terminada em 23 de fevereiro, para um total de 373 mil. O número de trabalhadores que recebe seguro-desemprego por mais de uma semana cresceu 21 mil alcançando o número de 2,8 milhões na semana terminada em 16 de fevereiro, nos mais recentes dados divulgados pelo Departamento do Trabalho.

A incerteza no mercado de trabalho parece atingir todos os níveis de renda: os consultores financeiros relataram ter prestado consultoria para trabalhadores que vão desde mecânicos automotivos demitidos até executivos seniores de Wall Street que aguardam demissão.

De nada ajuda a situação dos clientes a volatilidade da Bolsa e a falta de liquidez nos mercados de crédito - os investimentos outrora confiáveis, como ações preferenciais de taxas de leilão, não são mais as fontes de dinheiro rápido que eram no passado.

A orientação financeira "maçante" que os consultores ofereciam quando os clientes ainda estavam empregados - manter o dinheiro em diferentes tipos de contas, ter reservas de emergência e gastar menos do que se ganha - pode ser vital para garantir a segurança financeira dos clientes quando estiverem sem trabalho, diz Dan Moisand, diretor da companhia de gestão de riquezas Spraker, Fitzgerald, Tamayo & Moisand, com sede em Melbourne, Flórida.

As pessoas que se utilizam desse serviço trabalham em projetos de defesa e construção e geralmente não são surpreendidas por demissões. Mas essa orientação tradicional está sendo útil mesmo para aquelas pessoas que não esperam entrar na lista de demissões. Stacy Francis, planejadora financeira em Manhattan, disse que uma de suas primeiras prioridades quando trabalha com novos clientes é criar fundos de emergência para eles poderem se manter durante o período de inatividade.

Um dos clientes de Francis, cuja carreira está no campo de software e tecnologia, passou nove meses desempregado. Francis disse que criou um fundo de emergência de um ano para ele pagar as contas do dia-a-dia sem ter de recorrer aos seus investimentos. Quando alguém transita entre um emprego e outro, é vital pensar o que fazer com a perda de benefícios, como o fundo de aposentadoria ou o seguro-saúde.
Tom Orecchio, diretor e vice-presidente da Greenbaum and Orecchio, uma companhia de gestão de riquezas, tem entre seus clientes um empregado vitalício da BMW. A empresa anunciou, no mês passado, que faria demissões e Orecchio está pronto para dar assistência. "Se o cliente perder o emprego, sua preocupação mais premente será manter a cobertura de seguro-saúde", diz Orecchio.

Entre as opções está continuar pagando a cobertura do plano de saúde oferecida pela empresa para a qual trabalhavam, conforme estipula a Consolitaded Omnibus Budget Reconciliation Act (Cobra), uma lei sancionada em 1986, por um período de até 18 meses, ou comprar um seguro-saúde no mercado individual, embora pessoas com problemas de saúde possam ter dificuldade para obter cobertura nesse mercado.

Para planos de aposentadoria, Orecchio e outros consultores financeiros sugerem transferir o plano conhecido como 401(k) para contas individuais de aposentadoria, que podem oferecer mais opções de investimento e flexibilidade de planejamento. Uma vez que os primeiros passos estiverem decididos, os consultores financeiros dizem que podem ajudar seus clientes a suportar o desemprego e pensar no futuro.

Drew Barlow, vice-presidente sênior e executivo de investimento da Wachovia Securities, uma unidade da Wachovia, diz que os consultores financeiros podem impedir seus clientes de cometerem pequenos erros: como fazer mais investimentos arriscados para compensar a renda perdida e negociar valores mobiliários só para quebrar o tédio. Só quando o período de desemprego for muito longo é que Barlow recomenda movimentar o portfólio do cliente.

Francis faz o mesmo. Quando o fundo de emergência de um cliente se aproxima do limite, ela começa a avaliar se muda ou não para investimentos mais conservadores: aumentar a exposição de bônus, elevar os níveis de caixa e mudar para ações com direito a pagamento de dividendo são possibilidades. Francis diz que também trabalha com os clientes demitidos para reduzir seus gastos e avaliar fontes alternativas de renda - transformando um hobby em trabalho, por exemplo, ou fazendo trabalhos de free-lance. Isso proporciona para eles "uma sensação de conforto de que o próximo emprego que tiverem será o trabalho certo para eles - de que eles não acabarão aceitando um emprego na base do desespero", ela diz.

Orecchio e sua equipe não podem ajudar os clientes a decidir se um novo emprego será adequado, mas eles podem analisar o salário e os benefícios e seus efeitos no estilo de vida e no plano de aposentadoria do cliente. Ele também conectou os clientes desempregados com aqueles que se preparam para preencher posições.

Para o cliente que já estava perto da aposentadoria quando foi demitido, perder o emprego pode ter um lado positivo. Vander Weide, da Ameriprise, tem um cliente que recentemente perdeu seu emprego como diretor de manutenção de uma empresa pública. O cliente, na faixa dos 50 anos, planejou sua aposentadoria para dali a dez anos ou mais. Mas ele dispunha de recursos suficientes em outros investimentos para tapar o buraco até então.

Vander Weide transferiu o dinheiro que o cliente poderia necessitar no curto prazo para investimentos mais moderados, e então deixou o cliente tirar US$ 50 mil de seus investimentos para as necessidade do dia-a-dia. O cliente está usando o dinheiro para se dedicar à sua paixão: a restauração de carros antigos.


Fonte: Por Dow Jones Newswires, in Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 8

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

H2OH! - um produto desacreditado que virou sucesso

O executivo carioca Carlos Ricardo, diretor de marketing da divisão Elma Chips da Pepsico, a gigante americana do setor de alimentos e bebidas, é hoje visto como uma estrela em ascensão no mundo do marketing. Ele é o principal responsável pela criação e pelo lançamento de um produto que movimentou, de forma surpreendente, o mercado de bebidas em 11 países. A princípio, pouca gente fora da Pepsi e da Ambev, empresas responsáveis por sua produção, colocava fé na H2OH!, bebida que fica a meio caminho entre a água com sabor e o refrigerante diet. Mas em apenas um ano a H2OH! conquistou 25% do mercado brasileiro de bebidas sem açúcar, deixando para trás marcas tradicionais, como Coca-Cola Light e Guaraná Antarctica Diet. Além dos números de vendas, a H2OH! praticamente deu origem a uma nova categoria de produto, na qual tem concorrentes como a Aquarius Fresh, da Coca-Cola, e que já é maior do que segmentos consagrados, como os de leites com sabores, bebidas à base de soja, chás gelados e su

Doze passos para deixar de ser o “bode expiatório” na sua empresa

Você já viu alguma vez um colega de trabalho ser culpado, exposto ou demitido por erros que não foi ele que cometeu, e sim seu chefe ou outro colega? Quais foram os efeitos neste indivíduo e nos seus colegas? Como isso foi absorvido por eles? No meu trabalho como coach, tenho encontrado mais e mais casos de “bodes expiatórios corporativos”, que a Scapegoat Society, uma ONG britânica cujo objetivo é aumentar a consciência sobre esta questão no ambiente de trabalho, define como uma rotina social hostil ou calúnia psicológica, através da qual as pessoas passam a culpa ou responsabilidade adiante, para um alvo ou grupo. Os efeitos são extremamente danosos, com conseqüências de longo-prazo para a vítima. Recentemente, dei orientação executiva a um gerente sênior que nunca mais se recuperou por ter sido um dia bode expiatório. John, 39 anos, trabalhou para uma empresa quando tinha algo em torno de 20 anos de idade e tudo ia bem até que ele foi usado como bode expiatório por um novo chefe. De

Conselho Federal de Marketing?

A falta de regulamentação da profissão de marketing está gerando um verdadeiro furdunço na Bahia. O consultor de marketing André Saback diz estar sendo perseguido por membros do Conselho Regional de Administração da Bahia (CRA/BA) por liderar uma associação – com nome de Conselho Federal de Marketing e que ainda não está registrada – cujo objetivo, segundo ele, é regulamentar a profissão. O CRA responde dizendo que Saback está praticando estelionato e que as medidas tomadas visam a defender os profissionais de administração. Enquanto André Saback, formado em marketing pela FIB - Centro Universitário da Bahia -, diz militar pela regulamentação da profissão, o Presidente do CRA/BA, Roberto Ibrahim Uehbe, afirma que o profissional criou uma associação clandestina, está emitindo carteirinhas, cobrando taxas e que foi cobrado pelo Conselho Federal de Administração por medidas que passam até por processar Saback, que diz ter recebido dois telefonemas anônimos na última semana em tom de ameaç