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Espártaco, Kennedy, sonho e liderança

Este artigo encerra a série iniciada em março de 2007. Foi quando comecei a abordar a mensagem a Garcia e seu significado no universo empresarial. Continuei elencando os fatores essenciais para que as empresas se tornem o melhor território para Rowan, herói da mensagem a Garcia. Em outras palavras, quais as condições básicas para a conquista do comprometimento.

Entre as definições de líder que já vi, a que mais me agrada é a que une duas condições essenciais da liderança. "Líder é pessoa que sabe o que quer, e que quer o que sabe." O líder tem um sonho. Querer o que sabe, significa que essencial é a concretização do sonho, não a glória de fazê-lo. Ele compromete os outros com seu sonho. Uma vez comprometidos, passarão a seguir o sonho, que é de todos, não mais do líder.

O primeiro exemplo é paradigmático: o então presidente norte-americano John F. Kennedy desejava colocar um americano na lua antes dos russos. Comprometeu milhares de cidadãos com o seu sonho. Em pouco tempo, o sonho de todo americano era colocar um americano na lua antes dos russos. E o conseguiram. Seis meses depois da morte de Kennedy. Estavam seguindo o próprio sonho. Não mais o sonho do líder.O segundo exemplo eu o uso por achá-lo poético. Espártaco, gladiador, portanto escravo, tinha um sonho. Queria ser livre. Comprometeu os subjugados que com ele conviveram, formando um exército, que conseguiu colocar em risco a república romana ao liderar uma revolta de escravos. Enfrentou as legiões por dois anos e só foi derrotado pela intervenção das tropas do general Pompeu.

O exército romano, o mais poderoso do mundo, cercou os gladiadores. Espártaco deveria ser sacrificado. Quem era Espártaco? Ninguém dentre os romanos o conhecia fisicamente. O comandante pergunta: "Quem é Espártaco?" Ele dá um passo à frente e responde: "Eu sou Espártaco." Mas seu colega do lado também se apresenta: "Eu sou Espártaco". Todos haviam se transformado em Espartáco. Partilhavam o mesmo ideal. Não estavam mais seguindo um líder com seu sonho, mas o próprio sonho de liberdade. Por esse sonho, valia a pena morrer. Foram todos sacrificados.

Resta dizer que o líder empresarial que tiver como sonho transformar sua empresa num território propício para os Rowans comprometidos, deve comprometê-los com seu sonho. A conquista será inevitável. A glória... será de todos.


Fonte: Por Paulo Gaudencio , in Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 7

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