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Júnia Nogueira de Sá: "Portas abertas, sempre."

Júnia Nogueira de Sá é diretora de assuntos corporativos e imprensa da Volkswagem do Brasil. É graduada em jornalismo pela Cásper Líbero, com especialização em marketing institucional e MBA pelo Iese-Harvard, cursado na Universidade de Navarra

Qual é sua trajetória profissional?
Comecei a trabalhar na Folha de S. Paulo em 1983, saí em 1986 para ir para a Veja, depois a Exame. Voltei em 1990 para a Folha, onde fui ombudsman, e em 1997 fui para a Abril, na área de comunicação corporativa. Passei pelo Grupo Telefonica e estou na Volkswagen desde 2003.

Como é a estrutura de comunicação da Volkswagen?
Temos três núcleos: a comunicação interna, a assessoria de imprensa institucional e a assessoria de imprensa especializada (os produtos com a marca Volkswagen). Esses núcleos trabalham no mesmo espaço físico desde 2003 e a reunião ocorreu para trazer mais dinamismo e troca de informações, tornando a comunicação mais "quente" para todas as audiências, em especial a interna. Nosso mantra é: o empregado é o primeiro a saber. De tudo.

Ao todo, quantos profissionais formam o departamento?
Fixos, cerca de 25 - jornalistas, relações públicas e pessoal de apoio. Mas temos diversos prestadores de serviços em áreas que vão de tradução a serviços gráficos, passando por eventos, fotografia, assessoria de imprensa e medição de resultados na mídia. É possível ter mais de 100 profissionais mobilizados.

Quais as principais ações de comunicação da empresa hoje?
Planejamos as ações para os próximos meses, revisadas em reuniões periódicas com áreas como marketing, vendas e RH, e em reuniões de staff semanais - que, para manter o clima, chamamos de "reuniões de pauta". Lançamentos de produtos tomam boa parte desse planejamento, mas também trabalhamos com uma "agenda positiva" ligada à imagem da companhia, os temas estruturais do setor e os conjunturais que surgem.

Ações de sustentabilidade estão entre elas?
Sem dúvida. Há um comitê de imagem institucional presidido pela diretoria de assuntos corporativos e imprensa, de caráter multidisciplinar, que se ocupa de analisar a sustentabilidade de todas as nossas ações, e recomendar novas sempre que necessário.

Quais serviços de comunicação são terceirizados pelo departamento?
Todos aqueles que não são considerados estratégicos, ou que, sendo estratégicos, não podem ser realizados internamente, por exemplo, fotos. Na outra ponta, para medir nossos resultados de forma confiável, isenta e apurada, contratamos a Empório da Comunicação.

Quais são os principais eixos que sustentam a comunicação?
Portas abertas, sempre. Respostas rápidas e completas. Informações precisas e condições de trabalho para os profissionais que nos procuram - respeito aos horários, às pautas, à confidencialidade, às necessidades como salas de imprensa eficientes em nossos eventos, acesso às fontes. Planejamento com flexibilidade. E, no caso da comunicação interna, temos um mantra: "o empregado é o primeiro a saber". Resumindo em uma palavra, respeito.

Como a Volks se comunica com os seus funcionários?
Utilizamos todas as ferramentas para chegar a todos os níveis, dentro e até fora das fábricas e escritórios. Nas fábricas, usamos jornais murais, intranet e um processo de comunicação em cascata que fica a cargo do gestor. Nos escritórios, usamos intranet e internet em todas as suas possibilidades - de boletins na linha "em cima da hora" a "pop-ups", passando pelo "clipping" diário de notícias selecionado para servir a cada público. Para todos os públicos, um Jornal Volkswagen quinzenal. Já fizemos experiências com uma TV Volkswagen, muito bem-sucedidas, e ela deve voltar. Também distribuímos cartas (e às vezes remetemos para a casa do empregado), quando se trata de algo que funcione bem com essa mídia - uma mensagem do presidente, de caráter quase pessoal, entre outros casos.

A área de comunicação está ligada diretamente à presidência?
Sim, com assento no board da Volkswagen do Brasil. É um desenho comum à Volkswagen em todo o mundo - a área de comunicação tem bastante importância estratégica para a companhia, e é tratada assim. Fica sempre junto ao ponto mais alto da hierarquia interna.

Como foi a transição do dia-a-dia nas redações para o trabalho corporativo?
Eu diria que foi uma transição suave, porque se iniciou no Grupo Abril e eu sempre pensava: bem, se não der certo aqui, volto para uma das redações da casa... Tive todo o apoio de duas pessoas muito importantes nesse período - Roberto Civita, com quem trabalhei diretamente e que me estimulou muito (sem deixar de lamentar a perda de uma "repórter"), e Thomaz Souto Corrêa, que me desafiava o tempo todo (ele brincava dizendo que eu tinha de ser melhor comunicadora do que repórter, porque senão ia me colocar numa revista de novo, então eu tinha de me superar...). Também estudei e viajei muito por minha própria conta para conhecer e pesquisar. Montei uma verdadeira biblioteca em casa... Enfim, encontrei um campo de trabalho não apenas novo e desafiador, mas igualmente rico e em plena expansão, aqui e lá fora. Da experiência em redação, ficaram muitas coisas. O trabalho em equipe. A agilidade. A principal delas, entretanto, me parece ser a compreensão do que é uma notícia. Não fazemos mais do que isso: lidar com as notícias o tempo todo - encontrá-las onde quer que estejam, e entregá-las rapidamente a quem precisa delas. E eu adoro isso: continuo "repórter" até hoje, e faço questão de passar esse mesmo espírito para minha equipe.


Fonte: portaldacomunicacao.uol.com.br

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