Tudo na vida tem o seu preço - e isto não é nenhuma novidade. Entretanto, amanhã, em mais um Dia Internacional da Mulher, possivelmente muitas profissionais estarão se debatendo com o velho e surrado bordão. Afinal, vale a pena abrir mão da possibilidade de estar 100% do tempo ao lado dos filhos para poder começar, continuar ou progredir na carreira?
Em seu livro Vida de Equilibrista, a autora Cecília Russo Troiano publica uma pesquisa exclusiva, realizada junto a 850 mães e profissionais, que inclui de empresárias a assalariadas e autônomas, com faixas de renda nas classes A e B e filhos de zero a 12 anos de idade. O levantamento aborda diversas questões referentes à presença da mulher no mercado.
Uma das principais conclusões do trabalho é o fato de, entre as pesquisadas, o sentimento de "felicidade" (média 9) pela carreira é maior do que o sentimento de culpa (média 7) por ter que ficar longe dos filhos. "O grande drama da mulher é a culpa", comenta Cecília. "A gente nasce com um ‘chip’ que diz que a mulher tem de cuidar de filho. Assim, depois que agregamos papéis no plano profissional, mantemos aquele drama de ‘puxa estou abandonando meus filhos’."
Conforme a pesquisa, 50% das mães já pensaram em abandonar a carreira pelo menos uma vez. Destas, quase um terço ainda está decidindo o que fazer, enquanto as outras 70% desistiram da idéia e continuam trabalhando.
Apesar do dilema, diz a autora, é o maior índice de felicidade que faz com que as pesquisadas continuem trabalhando fora. "Acho que a cabeça da mãe que trabalha é um pouco este conflito interminável em que, em alguns momentos ela diz que vai abrir mão de tudo para ficar com os filhos e, em outros, ela decide seguir adiante, em busca de suas conquistas profissionais."
Conforme a pesquisa, 94% das mães já trabalhavam antes de ter o primeiro filho. Para Cecília, isso mostra claramente que o "eu profissional" vem antes do "eu mãe" e do "eu esposa". Além disso, 30% disseram ter adiado o plano de ter filhos por causa da carreira. Em média, o projeto da maternidade foi adiado por cinco anos.
Entre os principais desejos das mulheres pesquisadas estão trabalhar meio período (35%), montar um negócio próprio (34%), ter um marido ou companheiro que ajude mais (32%), ter uma carga de horário menor (245) e conseguir uma babá espetacular (24%). Para Cecília, o resultado das respostas de múltipla escolha mostra que as pesquisadas estão muito preocupadas em buscar soluções que tornem possível conciliar melhor a vida familiar e profissional.
Em uma das questões da pesquisa, as mulheres deveriam dar notas de 1 a 10 para os papéis que desempenham em seu dia-a-dia. Incrivelmente, as melhores avaliações (para as condições de mãe e profissional) ganharam notas idênticas: 8,3. Já as dimensões de esposa e mulher ganharam, respectivamente, notas 6,8 e 5,5.
Clube da Luluzinha
Se há uma coisa de que as mulheres não podem se queixar é de falta de oportunidades no mercado. Em algumas empresas, as profissionais já são maioria absoluta.
No Grupo de Soluções de Alimentação (GRSA), dos 26 mil colaboradores, 15,8 mil são mulheres. Nos cargos de liderança, são mais de 1,5 mil mulheres (representam 86% dos diretores, gerentes e coordenadores). "Investimos no trabalho da mulher em todas as áreas e funções, não só nos níveis gerenciais", diz a diretora jurídica e de desenvolvimento humano organizacional do grupo, Márcia Cubas.
A Nutrin, empresa de refeições coletivas, que conta com cerca de 2 mil profissionais, dos quais 80% (cerca de 1,8 mil) são mulheres, tem muitas delas em posições de comando. Um dos postos de destaque é a gerência comercial, ocupada pela nutricionista pós-graduada em Marketing Simone Rocio Prisiazneyj. Há 12 anos na empresa, ela garante que, apesar de a mulher ter encontrado seu espaço, a guerra dos sexos ainda é um desafio a ser enfrentado pelas executivas. "Competir profissionalmente com homens e ainda por cima mais velhos (de idade e de empresa) não foi tarefa simples", conta a gerente.
Aos 39 anos, esposa de um empresário de 50, mãe de um filho de três anos e oito meses e dona de um cachorro de cinco, Simone diz que a vida de mãe, dona-de-casa e profissional exige muito, mas que, pesando os prós e contras, vale muito a pena. "A gente dorme cinco horas por noite e tem que estar sempre bem para cumprir os papéis da melhor maneira", comenta a gerente. "É bastante trabalhoso, mas também muito gratificante quando se vê o filho numa linha de aprendizado legal, a profissão do marido evoluindo e seus projetos profissionais acontecendo."
E se fora de casa a competição com os homens no mercado é complicada, em casa, o marido, em vez de mais um rival, tornou-se um verdadeiro aliado. "Como ele é 10 anos mais velho que eu, a gente não compete. Ao contrário, trocamos muitas informações, falamos de estratégia e outros temas."
E como em qualquer casamento, especialmente naqueles em que os temas profissionais são tão debatidos dentro de casa, nem tudo são flores. "É lógico que existem pontos de vista divergentes, principalmente em relação a como se lidar com as pessoas à volta e como administrar os conflitos", admite Simone. "Mas não existe disputa sobre quem ganha mais, quem está melhor profissionalmente, etc."
Fonte: Por Marcelo Monteiro, in Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 9
Em seu livro Vida de Equilibrista, a autora Cecília Russo Troiano publica uma pesquisa exclusiva, realizada junto a 850 mães e profissionais, que inclui de empresárias a assalariadas e autônomas, com faixas de renda nas classes A e B e filhos de zero a 12 anos de idade. O levantamento aborda diversas questões referentes à presença da mulher no mercado.
Uma das principais conclusões do trabalho é o fato de, entre as pesquisadas, o sentimento de "felicidade" (média 9) pela carreira é maior do que o sentimento de culpa (média 7) por ter que ficar longe dos filhos. "O grande drama da mulher é a culpa", comenta Cecília. "A gente nasce com um ‘chip’ que diz que a mulher tem de cuidar de filho. Assim, depois que agregamos papéis no plano profissional, mantemos aquele drama de ‘puxa estou abandonando meus filhos’."
Conforme a pesquisa, 50% das mães já pensaram em abandonar a carreira pelo menos uma vez. Destas, quase um terço ainda está decidindo o que fazer, enquanto as outras 70% desistiram da idéia e continuam trabalhando.
Apesar do dilema, diz a autora, é o maior índice de felicidade que faz com que as pesquisadas continuem trabalhando fora. "Acho que a cabeça da mãe que trabalha é um pouco este conflito interminável em que, em alguns momentos ela diz que vai abrir mão de tudo para ficar com os filhos e, em outros, ela decide seguir adiante, em busca de suas conquistas profissionais."
Conforme a pesquisa, 94% das mães já trabalhavam antes de ter o primeiro filho. Para Cecília, isso mostra claramente que o "eu profissional" vem antes do "eu mãe" e do "eu esposa". Além disso, 30% disseram ter adiado o plano de ter filhos por causa da carreira. Em média, o projeto da maternidade foi adiado por cinco anos.
Entre os principais desejos das mulheres pesquisadas estão trabalhar meio período (35%), montar um negócio próprio (34%), ter um marido ou companheiro que ajude mais (32%), ter uma carga de horário menor (245) e conseguir uma babá espetacular (24%). Para Cecília, o resultado das respostas de múltipla escolha mostra que as pesquisadas estão muito preocupadas em buscar soluções que tornem possível conciliar melhor a vida familiar e profissional.
Em uma das questões da pesquisa, as mulheres deveriam dar notas de 1 a 10 para os papéis que desempenham em seu dia-a-dia. Incrivelmente, as melhores avaliações (para as condições de mãe e profissional) ganharam notas idênticas: 8,3. Já as dimensões de esposa e mulher ganharam, respectivamente, notas 6,8 e 5,5.
Clube da Luluzinha
Se há uma coisa de que as mulheres não podem se queixar é de falta de oportunidades no mercado. Em algumas empresas, as profissionais já são maioria absoluta.
No Grupo de Soluções de Alimentação (GRSA), dos 26 mil colaboradores, 15,8 mil são mulheres. Nos cargos de liderança, são mais de 1,5 mil mulheres (representam 86% dos diretores, gerentes e coordenadores). "Investimos no trabalho da mulher em todas as áreas e funções, não só nos níveis gerenciais", diz a diretora jurídica e de desenvolvimento humano organizacional do grupo, Márcia Cubas.
A Nutrin, empresa de refeições coletivas, que conta com cerca de 2 mil profissionais, dos quais 80% (cerca de 1,8 mil) são mulheres, tem muitas delas em posições de comando. Um dos postos de destaque é a gerência comercial, ocupada pela nutricionista pós-graduada em Marketing Simone Rocio Prisiazneyj. Há 12 anos na empresa, ela garante que, apesar de a mulher ter encontrado seu espaço, a guerra dos sexos ainda é um desafio a ser enfrentado pelas executivas. "Competir profissionalmente com homens e ainda por cima mais velhos (de idade e de empresa) não foi tarefa simples", conta a gerente.
Aos 39 anos, esposa de um empresário de 50, mãe de um filho de três anos e oito meses e dona de um cachorro de cinco, Simone diz que a vida de mãe, dona-de-casa e profissional exige muito, mas que, pesando os prós e contras, vale muito a pena. "A gente dorme cinco horas por noite e tem que estar sempre bem para cumprir os papéis da melhor maneira", comenta a gerente. "É bastante trabalhoso, mas também muito gratificante quando se vê o filho numa linha de aprendizado legal, a profissão do marido evoluindo e seus projetos profissionais acontecendo."
E se fora de casa a competição com os homens no mercado é complicada, em casa, o marido, em vez de mais um rival, tornou-se um verdadeiro aliado. "Como ele é 10 anos mais velho que eu, a gente não compete. Ao contrário, trocamos muitas informações, falamos de estratégia e outros temas."
E como em qualquer casamento, especialmente naqueles em que os temas profissionais são tão debatidos dentro de casa, nem tudo são flores. "É lógico que existem pontos de vista divergentes, principalmente em relação a como se lidar com as pessoas à volta e como administrar os conflitos", admite Simone. "Mas não existe disputa sobre quem ganha mais, quem está melhor profissionalmente, etc."
Fonte: Por Marcelo Monteiro, in Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 9
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