O escândalo sexual que derrubou o governador de Nova York, o democrata Eliot Spitzer, conhecido e temido por sua atuação e retórica moralista e dura contra corrupção e crimes financeiros, traz para o olhar da sociedade, mais uma vez, o lado oculto das instituições e empresas, constituído pela subjetividade e tudo o que advêm dela: os desejos, as emoções, as traições, a inveja, entre outros itens dos chamados pecados capitais.
Empresas, instituições e suas áreas formais de comunicação não sabem se locomover nesse terreno onde habitam a vida e a morte. Uma passada pelos jornais, revistas e boletins empresariais mostra que a comunicação empresarial gosta de falar do sucesso e tem grande dificuldade em tratar de temas como a crise e até do falecimento de um de seus empregados.
Mais do que as instituições, as empresas gostam de ser vistas como seres racionais, científicos, em que as pessoas são consideradas peças de uma grande máquina burocrática. Nada deve atrapalhar o funcionamento preciso, azeitado, que tem como objetivo construir a "Cidade dos Acionistas", lugar perfeito, cheio de ruas retas, sem obstáculos.
São centenas as empresas no Brasil que possuem códigos de ética que tentam coibir relacionamentos privados entre os seus empregados. E, quando eles acontecem os seus protagonistas são obrigados a mudar de área de trabalho e até se desligar da empresa. É um tipo de legislação moralista que finge não ver que as pessoas embaixo do moralismo corporativo apenas tornam mais clandestinas as suas relações.
Os fatos promovidos por gente como Spitzer, Clinton e Renan são hipérboles mediáticas, realçadas pelas posições políticas desses personagens. Fatos sexuais do mesmo tipo estão acontecendo agora na nossa vizinhança, nem por isso vão ser monitorados por algum big brother social.
As máscaras políticas e corporativas quando caem viram notícia, por cheirarem muita hipocrisia. E elas são muitas, "o filantropo", "o mão-de-tesoura" (o cortador de custos), o workholic, o yuppie. São seres que a mídia econômica adora. Assim o moralista, flagrado transando com a prostituta, não fica bem na cidade matemática, onde a mensuração, as medidas, os bancos e a bolsa de valores reinam sobre os homens; humanidades, como o sexo, principalmente aquele que acontece fora dos contratos sociais, devem ser exorcizadas.
Outro aspecto destacável desses escândalos sexuais é que neles o homem é o grande protagonista. Ele faz e desempenha o roteiro. Ele goza e sofre as conseqüências públicas da sua aventura. A mulher, personagem do escândalo, é quase sempre desqualificada, a partir de sua origem social (a prostituta) ou de suas pretensas intenções, entre elas, o alpinismo social, como foi nos casos Clinton e Renan.
Spitzer, com a sua renúncia, dois dias após o estouro do escândalo, já foi despachado rapidamente para os bastidores da metrópole desumana, a sua saída do poder para o cemitério social tirará o assunto das pautas jornalísticas e dos questionamentos acerca de um mundo em que a subjetividade e os seus desejos explodem como bombas-relógio.
Fonte: Por Paulo Nassar, in terramagazine.terra.com.br
Empresas, instituições e suas áreas formais de comunicação não sabem se locomover nesse terreno onde habitam a vida e a morte. Uma passada pelos jornais, revistas e boletins empresariais mostra que a comunicação empresarial gosta de falar do sucesso e tem grande dificuldade em tratar de temas como a crise e até do falecimento de um de seus empregados.
Mais do que as instituições, as empresas gostam de ser vistas como seres racionais, científicos, em que as pessoas são consideradas peças de uma grande máquina burocrática. Nada deve atrapalhar o funcionamento preciso, azeitado, que tem como objetivo construir a "Cidade dos Acionistas", lugar perfeito, cheio de ruas retas, sem obstáculos.
São centenas as empresas no Brasil que possuem códigos de ética que tentam coibir relacionamentos privados entre os seus empregados. E, quando eles acontecem os seus protagonistas são obrigados a mudar de área de trabalho e até se desligar da empresa. É um tipo de legislação moralista que finge não ver que as pessoas embaixo do moralismo corporativo apenas tornam mais clandestinas as suas relações.
Os fatos promovidos por gente como Spitzer, Clinton e Renan são hipérboles mediáticas, realçadas pelas posições políticas desses personagens. Fatos sexuais do mesmo tipo estão acontecendo agora na nossa vizinhança, nem por isso vão ser monitorados por algum big brother social.
As máscaras políticas e corporativas quando caem viram notícia, por cheirarem muita hipocrisia. E elas são muitas, "o filantropo", "o mão-de-tesoura" (o cortador de custos), o workholic, o yuppie. São seres que a mídia econômica adora. Assim o moralista, flagrado transando com a prostituta, não fica bem na cidade matemática, onde a mensuração, as medidas, os bancos e a bolsa de valores reinam sobre os homens; humanidades, como o sexo, principalmente aquele que acontece fora dos contratos sociais, devem ser exorcizadas.
Outro aspecto destacável desses escândalos sexuais é que neles o homem é o grande protagonista. Ele faz e desempenha o roteiro. Ele goza e sofre as conseqüências públicas da sua aventura. A mulher, personagem do escândalo, é quase sempre desqualificada, a partir de sua origem social (a prostituta) ou de suas pretensas intenções, entre elas, o alpinismo social, como foi nos casos Clinton e Renan.
Spitzer, com a sua renúncia, dois dias após o estouro do escândalo, já foi despachado rapidamente para os bastidores da metrópole desumana, a sua saída do poder para o cemitério social tirará o assunto das pautas jornalísticas e dos questionamentos acerca de um mundo em que a subjetividade e os seus desejos explodem como bombas-relógio.
Fonte: Por Paulo Nassar, in terramagazine.terra.com.br
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