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Personalidades distintas e a delicada relação no trabalho

Célia Marcondes Ferraz ocupou, durante 30 anos, cargos de confiança em grandes corporações. Abandonou alguns dos empregos por não agüentar a convivência com pessoas que não suportava. Hoje, ela diz que o tempo foi um fator essencial para que ganhasse maturidade e aceitasse conviver pacificamente com pessoas de personalidades diferentes, sem que tivesse que declarar guerra aos inimigos, ou que fosse necessário pedir demissão.

Célia, atualmente, é coordenadora dos cursos de pós-graduação e MBA na área de relações humanas no trabalho da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), em São Paulo. Nas aulas que prepara, um dos temas fundamentais, segundo ela, é a melhor maneira de lidar com o outro num ambiente que se mostra muitas vezes hostil.

"Conflitos no trabalho são inevitáveis. Mas como fazer para aturar um colaborador intrometido, um colega invejoso ou um chefe agressivo sem afetar sua saúde e produtividade? Trata-se do assunto do momento", diz a professora. Tanto é que o mercado editorial acaba de lançar "Trabalhar com você está me matando" (Ed. Sextante), de Katherine Crowley e Kathi Elster, um verdadeiro "manual de sobrevivência", que pretende ensinar o leitor a identificar e lidar com fatos que garantem a manutenção (ou não) do emprego.

Resultado de 20 anos de pesquisas da psicoterapeuta Katherine Crowley e da estrategista corporativa Kathi Elster, o livro apresenta histórias reais e indicam como manter a cabeça no lugar, mesmo quando a situação parece incontornável. "Descobrimos que resolver problemas é fácil, aumentar as vendas, fazer um plano de negócios, criar a embalagem de um novo produto, tudo isso é relativamente simples de realizar. O desafio mais árduo e complicado é identificar as armadilhas emocionais em que as pessoas caem, e ensinar-lhes como se livrar delas", dizem as autoras.

Com bom humor, elas propõem um exercício de "libertação" para controlar os nervos e reverter a questão, desprezando fofocas maliciosas e estabelecendo limites claros de invasão de espaço ou ainda diminuindo as expectativas quanto a um colega que não ajuda como deveria.

Renata Mello, consultora da área de etiqueta corporativa, conta que, em algumas situações, é preciso partir do pressuposto de que, no trabalho, ninguém é obrigado a gostar de ninguém. "A partir disso, é preciso ter maturidade para engolir sapos, eventualmente, lembrando que levará a pior quem duelar com o chefe."

Ela conta que nunca teve problemas graves com colegas, pois sempre usou da psicologia no ambiente de trabalho. "Assim, sempre descobri o ponto fraco de cada um. A partir disso, passava a elogiar um possível inimigo para que a relação não se deteriorasse", diverte-se.

Célia Marcondes Ferraz observa que uma boa saída pode ser identificar as diferentes tipos figuras que encontramos no trabalho: o "herói", o "injustiçado", o "humorista", o "bode expiatório", o "detalhista", o "fofoqueiro" e o "afetado", entre outros, para assim, trabalhar com as diferentes personalidades de forma a entender as limitações dos colegas. "Conflitos no trabalho sempre existirão. A dica é aprender a lidar com eles corretamente. Valorizar a comunicação é um fator determinante para a qualidade das relações interpessoais", conclui a professora.


Fonte: Por Alexandre Staut, in Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 9

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