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Profissionais no rumo da sustentabilidade

As empresas Adif, IBM, Endesa, Holcim, Repsol YPF e Telefónica, membros do grupo de trabalho sobre o papel dos negócios na sociedade, decidiram, pela primeira vez na Espanha, incorporar-se ao programa Future Leaders Team. A atividade tem como objetivo formar os jovens executivos para que integrem o desenvolvimento sustentável à sua estratégia empresarial. O programa inclui cursos de formação on-line e oficinas práticas.

Em outra iniciativa, o grupo Ecossistema, além da publicação de um informe sobre casos de empresas espanholas com iniciativas a favor da conservação dos ecossistemas, terá representantes de 12 empresas no World Conservation Congress, em outubro, em Barcelona. A iniciativa visa melhorar a participação e até mesmo a prestação de contas na área de responsabilidade social corporativa por parte das companhias espanholas.

A informação sobre políticas responsáveis que os grandes grupos listados na bolsa espanhola oferecem em seus relatórios anuais continua apresentando consideráveis falhas, segundo o estudo "A responsabilidade social corporativa nos relatórios anuais das empresas do Ibex 35". O trabalho foi elaborado pelo Observatório de RSC, com dados dos relatos de 2006.

O informe, produzido pelo quarto ano consecutivo, visa avaliar a qualidade da informação sobre RSC que as companhias apresentam em seus relatórios de sustentabilidade e outros documentos adicionais. A análise inclui tanto o conteúdo quanto a forma de gestão e a transparência das publicações. Para isto, utiliza uma metodologia baseada em ferramentas como as normas internacionais GRI e AA1000, além das diretrizes da OCDE para as multinacionais, do Código Unificado de Boa Governança e aspectos dos Códigos Olivencia e Aldama. A ferramenta conta com mais de 500 indicadores.

Há um ano, Red Eléctrica, BBVA, Telefónica e Iberdrola ocupam as primeiras posições entre as empresas com melhor qualidade de informação de RSC. Iberia e Repsol YPF ocupam a quinta e sexta posições, subindo um posto, enquanto a Gamesa baixou dois postos, até o sétimo. A Inditex foi a empresa com o maior avanço (subiu sete posições), colocando-se no oitavo lugar. Contribuíram para a ascensão os procedimentos para controle da vulnerabilidade dos direitos humanos em suas fornecedoras.

Embora o relatório aponte a melhoria da qualidade dos conteúdos nos relatórios das companhias do Ibex, Acerinox, Fades, Antena 3, Prisa e Banesto não apresentam "informação relevante" sobre aspectos de responsabilidade social. Algumas delas continuam nos últimos lugares do estudo, integrado por 14 organizações da sociedade civil, entre elas ONGs, sindicatos e associações de consumidores.

O estudo destaca a evolução favorável da informação referente à governança corporativa, como conseqüência do denominado Código Conthe. A nota média das empresas do Ibex em relação ao exercício de 2006 foi de 1,71 ponto, oito centésimos a mais do que no ano anterior. Na análise, Telecinco, Santander, Red Eléctrica, Indra e Inditex ocupam as primeiras posições.

Um quarto das empresas (26%) informa se dispõe ou não de medidas de blindagem para seus executivos de alto escalão, e dez empresas contam com um canal de denúncias sigiloso para os empregados. Noventa e um por cento têm maioria de conselheiros externos e independentes em seu conselho de administração, mas somente uma (Telecinco) afirma que pretende aumentar o número de mulheres no conselho.

Devido às exigências do Código Conthe, muitas companhias reforçaram os regulamentos do conselho de administração e da junta de acionistas em 2006, motivo pelo qual os avanços nesta matéria não se refletem neste relatório, embora permitam prever uma substancial melhoria nos anos futuros.O estudo inclui entre suas conclusões o item sobre as medidas contra a corrupção. Dezoito empresas do Ibex (51%) estão presentes em paraísos fiscais, entre elas todos os bancos, com exceção do Bankinter. Entretanto, existe pouca transparência a respeito dos impostos pagos nesses países e sobre as subvenções, dados considerados importantes para se entender a contribuição da empresa ao desenvolvimento e aos recursos locais. Além disso, somente nove empresas falam de sua luta contra o bloqueio do dinheiro.

Mais de 75% das empresas do Ibex 35 não informam em seus relatórios as diferenças salariais entre homens e mulheres por escalas profissionais. Somente 20% informam sobre o estabelecimento de políticas e procedimentos de não-discriminação. Além disso, mais de 70% não especificam o tipo de contrato de seus trabalhadores (eventuais, em prática ou contratados em sistema temporário).

Quanto ao aspecto ambiental, apenas sete informam sobre procedimentos de precaução, embora nenhuma das 35 assuma sua responsabilidade a respeito dos efeitos de suas atividades sobre o ambiente. Além disso, apenas uma (Iberia) traz informações sobre a observância de normas internacionais relacionadas à proteção dos direitos do consumidor, entre outros itens.

O documento constata também que, embora as companhias mencionem a existência de certos sistemas, políticas ou procedimentos para gerir aspectos de RSC, não mostram dados ou resultados concretos que demonstrem sua implantação efetiva. O diretor da empresa Sustentia e também do estudo, Carlos Cordero, lamentou que a RSC seja concebida entre as empresas mais como "marketing e menos como uma prestação de contas" e destacou que, nos casos em que informam sobre aspectos sociais, ambientais e de direitos humanos, só destaca seu caráter positivo.

A Fundación Entorno-BCSD España apresentou recentemente seu programa de medidas para o ano de 2008. Dentro do projeto, as 28 empresas integrantes do organismo realizarão atividades de desenvolvimento sustentável. Os três grupos de trabalho (mudanças climáticas e energia, o papel dos negócios na sociedade e ecossistemas) se dedicarão a promover projetos de redução de emissões de gases do efeito estufa e também de formação e de publicação de relatórios.

O grupo mudanças climáticas e energia iniciou o projeto Ação , que promove a redução das emissões de dióxido de carbono ( ) nas atividades das empresas que não estão ligadas ao processo de produção, para o período 2008 a 2010. Doze empresas já confirmaram seu envolvimento nesta iniciativa e se comprometeram a realizar esforços em campos, como a climatização e a iluminação. Além disso, como fruto das discussões do grupo de trabalho, a Fundação Entorno publicará este ano o relatório "Adaptação empresarial às conseqüências das mudanças climáticas".


Fonte: Por Expansión, in Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 9

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