Pular para o conteúdo principal

Rádio-peão - não dê ouvidos à maldade alheia

Ela está em toda parte, nas empresas de todos os portes, sofisticadas, técnicas, canteiros de obras, chão de fábrica - daí o nome -, nas universidades, nas famílias, na vizinhança, entre amigos e inimigos e, principalmente, no ambiente governamental. Ela corre solta entre os políticos, que a alimentam e usam como arma torpe contra os seus desafetos.

É a rádio-peão, o falatório, o disse-me-disse, o dizem a boca-pequena, ouvi dizer não sei de quem, mas é a mais pura verdade que... Boatos e maledicências andam céleres e tal qual a velha brincadeira infantil do “telefone sem fio”: começam de um modo, logo são desvirtuados e chegam totalmente diferentes das suas versões originais ao final da linha. Aí é que está o perigo, já saem deformados de nascença e viram monstros ao passar de um ouvido para o outro.

É muito difícil saber quem começa a espalhar um boato, pois fofoqueiros existem em todos os ambientes. A característica do seu comportamento é previsível. Eles sempre sabem das coisas, juram que a fonte é fidedigna, não se dão ao trabalho de checar a origem e a veracidade do fato, simplesmente repassam o que ouviram de forma deturpada sem perceber o estrago causam à imagem da empresa.

As pessoas adoram a rádio peão, principalmente as do escalão mais baixo das hierarquias. Os motivos da sua existência são vários, quase todos calcados nas nossas inseguranças e fraquezas, é o medo da perda do emprego, o ressentimento por uma promoção não merecida, uma vingancinha ao chefe autoritário e a perda de privilégios. Ela retrata a fragilidade dos relacionamentos humanos mal administrados, alimenta-se da inveja, da maldade, expõe vilania, covardia e muitas vezes, é apenas ingenuidade.

Uma das formas mais práticas para atenuar fofocas é promover o contato pessoal do “chefão” com o resto da turma, para os devidos esclarecimentos. Prepare um café-da-manhã ou um happy-hour para expor os assuntos da maneira mais transparente possível. Criado o ambiente, procure fazer com que apareçam perguntas sobre os comentários que estão circulando na empresa. Algumas questões precisam ser direcionadas para fazer vir à tona os assuntos mais maldosos. Manter, de tempos em tempos, encontros constantes, entre alguns funcionários, escalonados, e a alta direção para esclarecer o que está acontecendo na empresa e explicar seus rumos ajudam a diminuir a força dos boatos. Jamais subestime o poder da fofoca e da maledicência em promover estragos, esteja atento a não as deixe crescer.

A forma mais brilhante que já vi sobre como acabar com a rádio peão foi a música “Disseram que voltei americanizada”, interpretada por Carmem Miranda, respondendo, na própria rádio, ao povo que começou a falar mal dela, depois que voltou dos Estados Unidos. Sua resposta é um primor de comunicação bem feita. Mostrarei algumas partes do texto, que virou música de sucesso. “Disseram que eu voltei americanizada... Com o "burro" do dinheiro, que estou muito rica. Que não suporto mais o breque de um pandeiro.... E corre por aí que ouvi um certo zum-zum.... que já não tenho molho, ritmo, nem nada.... Mas p'rá cima de mim, p'rá que tanto veneno?..... E vai terminando a música com uma fina ironia, a arma dos inteligentes.

Ao perceber notícias ruins e mal intencionadas correndo dentro da empresa, cabe, na maioria das vezes, ao comunicador, atenuá-las. Empresas que trabalham de forma profissional e competente os seus assuntos de comunicação interna sofrem menos deste mal. A transparência da comunicação, a agilidade em expor fatos e esclarecer situações inibe o surgimento de boatos, não deixando campo propício para falação descabida.


Fonte: Por Eloi Zanetti, in www.aberje.com.br

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

H2OH! - um produto desacreditado que virou sucesso

O executivo carioca Carlos Ricardo, diretor de marketing da divisão Elma Chips da Pepsico, a gigante americana do setor de alimentos e bebidas, é hoje visto como uma estrela em ascensão no mundo do marketing. Ele é o principal responsável pela criação e pelo lançamento de um produto que movimentou, de forma surpreendente, o mercado de bebidas em 11 países. A princípio, pouca gente fora da Pepsi e da Ambev, empresas responsáveis por sua produção, colocava fé na H2OH!, bebida que fica a meio caminho entre a água com sabor e o refrigerante diet. Mas em apenas um ano a H2OH! conquistou 25% do mercado brasileiro de bebidas sem açúcar, deixando para trás marcas tradicionais, como Coca-Cola Light e Guaraná Antarctica Diet. Além dos números de vendas, a H2OH! praticamente deu origem a uma nova categoria de produto, na qual tem concorrentes como a Aquarius Fresh, da Coca-Cola, e que já é maior do que segmentos consagrados, como os de leites com sabores, bebidas à base de soja, chás gelados e su

Doze passos para deixar de ser o “bode expiatório” na sua empresa

Você já viu alguma vez um colega de trabalho ser culpado, exposto ou demitido por erros que não foi ele que cometeu, e sim seu chefe ou outro colega? Quais foram os efeitos neste indivíduo e nos seus colegas? Como isso foi absorvido por eles? No meu trabalho como coach, tenho encontrado mais e mais casos de “bodes expiatórios corporativos”, que a Scapegoat Society, uma ONG britânica cujo objetivo é aumentar a consciência sobre esta questão no ambiente de trabalho, define como uma rotina social hostil ou calúnia psicológica, através da qual as pessoas passam a culpa ou responsabilidade adiante, para um alvo ou grupo. Os efeitos são extremamente danosos, com conseqüências de longo-prazo para a vítima. Recentemente, dei orientação executiva a um gerente sênior que nunca mais se recuperou por ter sido um dia bode expiatório. John, 39 anos, trabalhou para uma empresa quando tinha algo em torno de 20 anos de idade e tudo ia bem até que ele foi usado como bode expiatório por um novo chefe. De

Conselho Federal de Marketing?

A falta de regulamentação da profissão de marketing está gerando um verdadeiro furdunço na Bahia. O consultor de marketing André Saback diz estar sendo perseguido por membros do Conselho Regional de Administração da Bahia (CRA/BA) por liderar uma associação – com nome de Conselho Federal de Marketing e que ainda não está registrada – cujo objetivo, segundo ele, é regulamentar a profissão. O CRA responde dizendo que Saback está praticando estelionato e que as medidas tomadas visam a defender os profissionais de administração. Enquanto André Saback, formado em marketing pela FIB - Centro Universitário da Bahia -, diz militar pela regulamentação da profissão, o Presidente do CRA/BA, Roberto Ibrahim Uehbe, afirma que o profissional criou uma associação clandestina, está emitindo carteirinhas, cobrando taxas e que foi cobrado pelo Conselho Federal de Administração por medidas que passam até por processar Saback, que diz ter recebido dois telefonemas anônimos na última semana em tom de ameaç