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Novo aparelho, novos hábitos

Com o lançamento de um celular capaz de receber as transmissões de TV aberta em alta definição, a Samsung toma a dianteira do que poderá vir a ser uma nova revolução para a mídia. O mesmo aparelho, o V820, também faz vídeo-call, o que fará com que qualquer mortal possa ter o privilégio de se sentir exatamente como o Jorge Jetson do desenho animado enquanto todos os outros que não dispõe desta facilidade se sentirão como outro personagem de Hanna & Barbera, o Fred Flintstone.

"Esse lançamento tem potencial para mudar tudo porque mexe com o comportamento das pessoas", afirma o vice-presidente executivo, José Roberto Campos. "Por isso percebemos grande interesse nas operadoras pelo novo aparelho, inclusive em subsidiá-lo", diz. Considerando que as operadoras não podem cobrar pela captação do sinal de TV aberta em HD que entra no celular, esse interesse é ainda mais notável.

Com esse e outros lançamentos que privilegiam as funções de entretenimento e corporativas, a Samsung espera dar outro salto em faturamento e participação de mercado mundial que hoje está em 14,4%. Em 2007, a Samsung em segundo lugar mundial em venda de celulares - só ultrapassada pela norueguesa Nokia, segundo Campos. A evolução da empresa em unidades vendidas tem sido consistente: de 58 milhões em 2003, para 87 milhões em 2004, 104 milhões em 2005, 114 milhões em 2006 e 161 milhões ano passado, o que significou um salto de 42% no mundo.

No Brasil, a Samsung também deu seus pulos: de 2004 para 2005, cresceu 70% e alcançou faturamento de US$ 1,2 bilhão. Em 2006, o resultado foi US$ 1,6 bilhão, o que corresponde a 30% de crescimento. Em 2007, outros 30%, com faturamento de US$ 2,1 bilhão.

Para colocar combustível nesse trem, a empresa continuará a investir em marketing. "O valor ou o percentual é algo que não divulgamos porque este é um segmento muito competitivo", diz Campos. "O que posso lhe afirmar é que estamos sempre atentos para as oportunidades de reforçar nossa marca e também de cooperar nas campanhas de vendas de produtos", compleeta Campos que afirma que só não vendeu mais em 2007 porque não teve como fabricar mais. "Neste ano estamos expandindo nossas instalações para dar conta da demanda", revela.

Com toda a comunicação publicitária definida por sua house, a Samsung se mostra moderna e ousada na campanha de lançamento dos novos modelos e convidou uma trinca de artistas populares - Paula Toller, o DJ Marky e Falcão, de O'Rappa - de três estilos bem diferentes para criarem juntos uma canção e teve a sensibilidade de deixá-los totalmente à vontade em relação ao resultado e à letra da música. "Essa liberdade foi fundamental para que eu, ou melhor, para que cada um de nós aceitasse o convite", declara Falcão. Paula Toller deixou claro que o fato do encontro artístico ter surgido a partir de um projeto comercial não diminui em nada sua validade. "Nessa união de arte e tecnologia o que ficou muito claro é que o que vale mesmo é o momento, o encontro, o conteúdo?" diz. "Foi uma experiência musical que tem tudo a ver com esse momento de transição, de globalização, de mudança do mundo", afirma o DJ Marky. "Fui descobrir o que significa Samsung e quer dizer 'três estrelas', achei isso um sinal positivo", arrematou Paula.

Segundo o diretor da divisão de Telecom da Samsung, Oswaldo Mello, a campanha Mais Música para Sua Vida, que estréia na segunda, 18, terá três vertentes: publicitária (com investimento forte em mídia), promocional e online. "Os novos aparelhos chegam às lojas no próximo fim de semana e assim que as pessoas descobrirem, como eu descobri no último fim de semana, o que é ter a novela e o jogo de futebol sempre com você, não haverá como dispensar essa comodidade", prevê Mello.


A TV que acompanha você
Ao colocar fones no velho e bom radinho de pilha acrescido de um k-7 player, Akio Morita (e a Sony) mudaram a relação das pessoas não só com música mas também com a possibilidade de se divertir individualmente. Na esteira da possibilidade de ouvir música, notícias ou um jogo de futebol em qualquer ambiente e situação, as pessoas ganharam um novo respeito por seus próprios gostos e passaram a demandar do mercado possibilidades de personalização nas mais diferentes áreas - dos jeans à pizza, das cores de cabelo ao tratamento num hotel, das cartinhas dos bancos à dieta do nutricionista - tudo passou a ter de ser customizado, taylor-made e relevante. É difícil determinar o que veio antes: ouvir música sozinho ou querer fugir da massificação. O fato é que há uma forte relação de causa e efeito entre as duas coisas. Por isso, quando a televisão aberta sai de casa e ganha portabilidade, os mais atentos já vislumbram uma nova revolução de costumes surgindo no horizonte.

Não que a TV portátil já não exista. Mas quando ela passa a integrar aquele aparelho que os antigos dos anos 90 costumavam chamar de celular e hoje é uma central multimídia com rádio, MP3, câmera fotográfica, câmera de vídeo, internet, GPS e um monte de truques tecnológicos, a coisa muda de figura. Ela fica acessível. Nunca mais a novela ficará sem ser vista, o jogo de futebol poderá ser combinado com outras atividades e, no meio de tudo isso, o volume de pessoas na audiência vai aumentar. As pessoas que não viam os anúncios da novela das sete porque estavam no ônibus, diante da HDTV no celular agora os assistirão com a maior atenção.

Para quem acha que o ônibus e o celular moderno não combinam, vale mostrar que a utilidade de um bem faz com que o desejo por adquiri-lo aumente exponencialmente. Ninguém se arrisca a dizer que esse processo vai ser rápido, porém também ninguém tem coragem de apostar que vai ser lento. Afinal, vivemos a disseminação dos aparelhos celulares pelas classes C e D ocorrerem com rapidez. E, como a HDTV no celular não vai aumentar o valor da conta, isso a faz mais desejável ainda. Mesmo que o aparelho seja mais caro, seu diferencial de praticidade vai fazer com que as pessoas se comprometam com mais parcelas para adquiri-lo - como acontece com todos os eletrodomésticos no Brasil.

Essa novidade tecnológica veio curar o maior anacronismo da TV: o fato de ela não ser móvel num mundo em que tudo acompanha as pessoas. Akio Morita estava certo


Fonte: Por Andréa Ciaffone, in www.meioemensagem.com.br

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