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Elite, a novata que já nasce grande

Poucos setores no Brasil têm vivido uma expansão tão acelerada como o de imóveis. No período de apenas um ano -- de 2006 a 2007 --, as vendas mais que dobraram, passando de 9 bilhões para 20 bilhões de reais. Construtoras e incorporadoras ganharam novo status, inclusive na bolsa de valores. O negócio gradativamente vem se tornando nacional. E uma onda de fusões e aquisições já começa a se desenhar no horizonte imobiliário. O último grande movimento nesse setor aconteceu há poucas semanas, quando foi anunciada a formação de uma nova empresa imobiliária em São Paulo. Batizada de Elite, ela começa a funcionar em junho e nasce como uma das grandes do mercado, com uma carteira de vendas potenciais de 3 bilhões de reais para o período dos próximos 12 meses. São valores que a colocam entre as três maiores de São Paulo, maior mercado do país, atrás apenas da líder Lopes Consultoria de Imóveis e da Abyara, ambas cotadas em bolsa e com participações em imobiliárias espalhadas pelo país. (No ano passado, por exemplo, a Lopes comprou a Patrimóvel, uma das mais tradicionais empresas do setor no Rio de Janeiro.) O surgimento de uma empresa com essas dimensões e planos tão ousados tem provocado dois tipos de reação. Os concorrentes vêem a proposta com ceticismo. Para eles, trata-se de uma iniciativa tardia em um mercado já loteado. Para as incorporadoras e construtoras, que dependem diretamente das imobiliárias, a Elite aparece como uma alternativa ao domínio das líderes. "A empresa tem totais condições de crescer e, francamente, já começa com um time de primeira", diz Ubirajara Spessotto, diretor-geral da Cyrela, maior incorporadora do país, que será uma das principais beneficiadas com o aparecimento de mais uma imobiliária.

O MOTIVO PARA ESSE entusiasmo está, em larga medida, no grupo de sócios e executivos da Elite, considerado uma seleção de craques pelo mercado. Os três sócios da empresa -- Marinaldo Macedo, Maurício Eugênio e Hélio Vergara -- são todos oriundos do setor. Macedo trabalha há 27 anos na área e foi o principal executivo da Lopes até março deste ano. Eugênio é dono do maior grupo de marketing imobiliário do país, a Eugênio Publicidade. O engenheiro Vergara foi diretor financeiro da Lopes e responsável pelo IPO da empresa, em dezembro de 2006. "No mercado imobiliário, o relacionamento entre vendedores e incorporadores é decisivo. O Marinaldo Macedo, por exemplo, tem a confiança de todos os principais incorporadores do país", afirma o presidente de uma incorporadora paulista. Eugênio também tem excelente trânsito entre as incorporadoras. Essa relação de confiança pode fazer com que a Elite receba das grandes incorporadoras lançamentos de imóveis que normalmente seriam entregues a empresas com muitos anos de mercado. Outras grandes imobiliárias brasileiras, como a Fernandez Mera e a própria Abyara, tiveram origem semelhante -- seus fundadores saíram do time de funcionários da Lopes -- e conseguiram se firmar graças a isso.

A Elite nasce em um momento especial para o setor e a expectativa é que, com a estabilidade econômica e a demanda reprimida de imóveis no país, o mercado continue crescendo em níveis elevados pelos próximos anos -- a previsão é que, até 2012, o valor de vendas no Brasil chegue a 40 bilhões de reais. "A demanda cresce em alta velocidade e vimos uma boa oportunidade para montar uma empresa que ofereça serviços que atendam às necessidades dos incorporadores", diz o publicitário Maurício Eugênio. Esse bom momento teria também se combinado a fragilidades de concorrentes. Segundo executivos do setor, a Abyara, vice-líder do mercado, com mais de 20% de participação em São Paulo, estaria disposta a abandonar a área de vendas de imóveis. Fundada há pouco mais de dez anos como imobiliária, a Abyara começou a atuar no mercado de incorporação há cerca de três anos. "Com isso, passou a haver um claro conflito de interesses, já que as vendas dos imóveis da incorporadora Abyara poderiam ser privilegiadas em detrimento das demais incorporadoras", diz um analista que acompanha o setor. Esse tipo de preocupação afastou grandes clientes da Abyara, como a Gafisa. Com eles, a Elite pretende se firmar como uma opção às líderes do setor.

Em um primeiro momento, a empresa mais afetada pela criação da nova imobiliária tem sido a Lopes. Além de Macedo e Vergara, dois outros executivos já deixaram a empresa em maio rumo à nova concorrente -- o diretor jurídico Carlos Alberto Escobar e Jair Favere, diretor da área de imóveis populares. Cerca de 25 chefes de equipe e 450 corretores também estariam prestes a migrar. "Essas perdas, principalmente de diretores, são importantes e devem ter impacto na Lopes", afirma um analista financeiro. Oficialmente, a Lopes diz que as saídas não mudarão em nada a empresa. "A Lopes é uma corporação, com conhecimento institucionalizado, e a saída de funcionários não trará impacto nenhum", afirma Tomás Salles, diretor de novos negócios da Lopes. Pelos corredores da empresa, no entanto, a conversa é outra. Os principais acionistas, os irmãos Marcos e Francisco Lopes, mostraram-se ressentidos com a saída de Macedo e os convites feitos aos demais funcionários. "A Elite não quer competir com a Lopes ou ser a maior empresa do setor", diz Macedo. "Queremos ser os melhores. Sabemos quais são as necessidades não atendidas pelo mercado e o que fazer para preencher esses buracos."


Fonte: Por Marcelo Onaga, in portalexame.abril.com.br

Comentários

Gostaria de saber apenas de onde surgirão todos esses produtos em tão pouco tempo - para abastecer sua carteira, levando em contas, que uma empresa como a Lopes não irá dexar seus clientes migrarem tão facilmente. Um outro dado preocupante, é o surgimento do "SUI" maior portal imobiliário da internet Brasileira, com 5000 corretores e agências em todo municipio do país, com seu lançamento marcado para breve. Vejo briga de cachorro grande se aproximando.
Anônimo disse…
Para o comentárista acima

Como esta no texto acima, o Sócio Marinaldo e muito bem relacionado e de potencial indiscutilvel, isso significa que os incorporadores, os mesmo que ele tratava na LOPEs ( carteira da Lopes) o seguirão, inclusive esses incorporadores já tem projeto em andamento que serao passado para a Elite trabalhar...

É claro que a principio nao serao todos os incorporadores que irao para a Elite, mas futuramente a Lopes com essa politica ridicula perdera nao só os incomporadores mas como também seus melhores consultores.
Anônimo disse…
eu como atual funcionária da Lopes, gostaria profundamente de sair desta empresa que não valoriza seus funcionários e trabalhar na ELITE.
Anônimo disse…
Realmente a Elite em pouco tempo
esta indo muito bem.
Tambem estou pensando sair da Lopes que nao valoriza o profissional, principalmente as mulheres, hoje temos 5 diretores e nenhuma mulher no corporativo.
As 10 primeiras do ano passado, mulheres e mesmo assim nao sao valorizadas.
Recebi convite e estou pensando ir para a Elite juntamente com muitas mulheres.
Anônimo disse…
Acabei de entrar neste blog e concordo que na Lopes mulher nao e valorizada, conheço grandes mulheres que vendem muito e nao sao promovidas.Um absurdo em 2010
so os homens tem promoçao.
Hoje temos apenas 2 mulheres no corpo de gerentes e mais de 64 homens.
O que a Lopes tem contra as mulheres? Quando a Lopes vai valorizar as mulheres que trabalham na Lopes.
Quando todas sairem e forem para a Elite e outras concorrentes.

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