Pular para o conteúdo principal

Mensuração e análise da eficácia da comunicação

Uma empresa publicamente conhecida interfere na confiança entre os stakeholders, com atração de funcionários de maior qualidade e facilidade de fechar contratos com fornecedores, muito embora também seja muito mais cobrada pela lisura de suas práticas cotidianas. O mesmo vale para CEO’s famosos e executivos badalados; sendo, no entanto, uma situação controversa porque estimulam tratamentos negativos ou mais severos, por exemplo pela mídia. Esta foi a análise inicial proposta pela jornalista e doutora pela FGV, Adriana Wilner, em seu trabalho “As engrenagens da celebridade empresarial ­ como as empresas constroem as suas histórias de sucesso na imprensa” durante o 11º Congresso Brasileiro de Comunicação Corporativa realizado em São Paulo/SP.

Ela estudou a aparição da Apple, da Gol e do ABN Amro Real na mídia brasileira e identifica alguns elementos que foram as narrativas oficiais que depois são recontadas nos veículos. Nas três empresas, há uma forte personificação das trajetórias dos presidentes, querendo humanizar as estruturas. Isto acaba por exigir uma infalibilidade e, talvez o que seja ainda pior, uma impossibilidade de substituição. A estratégia vale durante a vida dos criadores, mas se fragiliza com seu afastamento do trabalho ou sua morte, ficando difícil manter a credibilidade com a sucessão.

Adriana aponta que essa contação de história pela mídia é afetada por uma memória enfraquecida, com poucos limites entre atribuição de sucesso e acusação de fracassos nas escolhas das organizações entre uma matéria e outra, mesmo publicadas com poucas edições de distância. “Há muito pouco questionamento pela imprensa. O processo jornalístico de construção de reportagens neste caso tem sido diferente”, acusa. De outro lado, reconhece que o sucesso das empresas, via suas assessorias de imprensa, reside na proposição de pautas mais amplas até incluindo concorrentes e demonstrando facilitação de acesso, afora a montagem de abordagens de pauta altamente sintonizadas com as terminologias, conceitos e casos em andamento no mercado.

De toda maneira, quando se busca o viés da celebrização há ampla possibilidade de ascendência e projeção, mas com a mesma intensidade pode haver a erosão de imagem. Além disto, celebridade é algo essencialmente efêmero e a mídia quer sempre novidades. “Desenvolver visibilidade hoje parte de contar uma boa história. Sendo que isto interfere até no rendimento da companhia”, analisa.

ÍNDICE -­ O Índice de Eficácia da Comunicação, desenvolvido pela agência de relações públicas Burson Marsteler e utilizado pela Telefônica, envolveu a apresentação do diretor de relações com a imprensa da operadora, Emanuel Neri. A métrica está associada a retornos eficazes, que transmitem valores e atributos desejáveis e não somente em quantificações e precificações. Ela inclui somente veículos impressos, numa opção baseada pela credibilidade superior destes canais em relação aos meios eletrônicos convencionais. O IEC não deixa de analisar tiragem, tamanho e localização da matéria e tipo de aparição, mas o faz dentro de sete eixos temáticos estratégicos, com pesos diferentes: solidez financeira, liderança, qualidade de produtos e serviços, inovação, compromisso com empregados, responsabilidade com a comunidade e governança, e cada um tem subitens marcados em escala de importância.

Neri também explica que o índice está centrado nas matérias positivas e seu impacto. As publicações negativas gerariam ondas de desgaste de imagem quase impossíveis de mensurar, na opinião do executivo. A mensuração entrou na política da multinacional porque é uma tentativa de buscar a qualidade do rendimento, e não seu tamanho.


Fonte: Por Rodrigo Cogo - Gerenciador do portal Mundo das Relações Públicas

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

H2OH! - um produto desacreditado que virou sucesso

O executivo carioca Carlos Ricardo, diretor de marketing da divisão Elma Chips da Pepsico, a gigante americana do setor de alimentos e bebidas, é hoje visto como uma estrela em ascensão no mundo do marketing. Ele é o principal responsável pela criação e pelo lançamento de um produto que movimentou, de forma surpreendente, o mercado de bebidas em 11 países. A princípio, pouca gente fora da Pepsi e da Ambev, empresas responsáveis por sua produção, colocava fé na H2OH!, bebida que fica a meio caminho entre a água com sabor e o refrigerante diet. Mas em apenas um ano a H2OH! conquistou 25% do mercado brasileiro de bebidas sem açúcar, deixando para trás marcas tradicionais, como Coca-Cola Light e Guaraná Antarctica Diet. Além dos números de vendas, a H2OH! praticamente deu origem a uma nova categoria de produto, na qual tem concorrentes como a Aquarius Fresh, da Coca-Cola, e que já é maior do que segmentos consagrados, como os de leites com sabores, bebidas à base de soja, chás gelados e su

Doze passos para deixar de ser o “bode expiatório” na sua empresa

Você já viu alguma vez um colega de trabalho ser culpado, exposto ou demitido por erros que não foi ele que cometeu, e sim seu chefe ou outro colega? Quais foram os efeitos neste indivíduo e nos seus colegas? Como isso foi absorvido por eles? No meu trabalho como coach, tenho encontrado mais e mais casos de “bodes expiatórios corporativos”, que a Scapegoat Society, uma ONG britânica cujo objetivo é aumentar a consciência sobre esta questão no ambiente de trabalho, define como uma rotina social hostil ou calúnia psicológica, através da qual as pessoas passam a culpa ou responsabilidade adiante, para um alvo ou grupo. Os efeitos são extremamente danosos, com conseqüências de longo-prazo para a vítima. Recentemente, dei orientação executiva a um gerente sênior que nunca mais se recuperou por ter sido um dia bode expiatório. John, 39 anos, trabalhou para uma empresa quando tinha algo em torno de 20 anos de idade e tudo ia bem até que ele foi usado como bode expiatório por um novo chefe. De

Conselho Federal de Marketing?

A falta de regulamentação da profissão de marketing está gerando um verdadeiro furdunço na Bahia. O consultor de marketing André Saback diz estar sendo perseguido por membros do Conselho Regional de Administração da Bahia (CRA/BA) por liderar uma associação – com nome de Conselho Federal de Marketing e que ainda não está registrada – cujo objetivo, segundo ele, é regulamentar a profissão. O CRA responde dizendo que Saback está praticando estelionato e que as medidas tomadas visam a defender os profissionais de administração. Enquanto André Saback, formado em marketing pela FIB - Centro Universitário da Bahia -, diz militar pela regulamentação da profissão, o Presidente do CRA/BA, Roberto Ibrahim Uehbe, afirma que o profissional criou uma associação clandestina, está emitindo carteirinhas, cobrando taxas e que foi cobrado pelo Conselho Federal de Administração por medidas que passam até por processar Saback, que diz ter recebido dois telefonemas anônimos na última semana em tom de ameaç