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O equilíbrio entre profissional e pessoal

As questões relacionadas à conciliação da vida familiar e profissional vêm sendo debatidas há tempos. Para Consuelo León, pesquisadora do Centro Internacional Trabajo Y Familia, do Instituto de Estudios Superiores de la Empresa (IESE), o que há de mais novo em questões sobre conciliação são os estudos sobre as pequenas e médias empresas que analisam a mudança cultural nelas.

Acrescenta-se a isso, também, a Lei da Igualdade, que evidentemente inclui questões sobre conciliação. Soma-se às novidades "o persistente empenho de incorporar as mulheres ao mercado de trabalho".

A pesquisadora conclui que "hoje chama atenção um alto grau de sensibilização e formação, mas fica pendente a mudança cultural". Baseada no estudo "Ifrei 2007, obstáculos e impulsores para ser uma empresa familiarmente responsável", Consuelo adverte que há uma mudança de tendência quando se trata de detectar problemas: "Há dois anos, o maior problema era a ausência, mas ultimamente o principal alarme soa em relação à atração e retenção de talentos, pois não se encontram os perfis procurados."

Consuelo conclui que "onde se implantam políticas de conciliação, este problema se reduz a cerca de 10%, ainda que persistam outros como a iniciativa, o estresse ou ainda a falta de compromisso".

Quando se trata de resultados, a Fundación+Familia oferece dados que falam do impacto real da conciliação. Esta instituição constituiu um Observatorio de la Empresa Familiarmente Responsable - EFR do qual participam também a consultoria Tatum e a escola de negócios EOI.

A Fundación+Familia é a proprietária do modelo de gestão baseado na conciliação da vida familiar, da vida no trabalho e a igualdade de oportunidades - denominado Empresa Familiarmente Responsable - EFR -, que examina 85 marcas ou grupos de empresas com certificados EFR que dão emprego a mais de 150 mil pessoas.
Segundo a Fundación+Familia, uma série de indicadores - ausência, atração de talentos e clima no ambiente de trabalho neste caso - permitem projetar bons resultados depois da aplicação de políticas de conciliação e de igualdade de oportunidades.

Sobre o primeiro deles, em 80% dos casos se obtêm melhoras significativas, com reduções que vão dos 30% aos 50% na ausência injustificada depois da aplicação do modelo EFR. Em alguns casos, as reduções são muito significativas, chegando a ser registrado até 80% de diminuição.

Entre as principais causas que a Fundación+Familia identificou para a redução da ausência no trabalho, cabe assinalar as políticas de flexibilidade de horários na jornada de trabalho. Concede-se uma flexibilidade de uma a duas horas na entrada, saída e durante o almoço, o que facilita que os empregados dêem atenção a seus familiares e dependentes assim como cuidem de questões pessoais.

Também há de se levar em conta as jornadas intensivas, o "teletrabalho", ou as políticas de "casual day" nos quais a organização com o certificado EFR contrata (assumindo total ou parcialmente o custo) os serviços de uma entidade especializada em ócio infantil, que reúne os filhos dos funcionários em um centro e desenha atividades até o final da jornada de trabalho.

Ao que se refere à atração de talentos, os dados relacionados ao aumento da recepção de currículos entre as empresas certificadas são muito positivos, chegando em alguns casos a superar índices de 15.000% em pequenas e médias empresas. O aumento médio registrado vai dos 40% aos 60%, se bem que é preciso fazer notar que este indicador apresenta maiores oscilações entre as empresas com certificados EFR.

Roberto Martínez, diretor da Fundacíon+Familia, explica que as políticas EFR com mais capacidade para atrair são a jornada intensiva de segunda a sexta das 8 horas às 16 horas; dotar de flexibilidade a entrada e a saída, assim como a redução do almoço em cerca de 30 a 45 minutos, de forma que a saída fique no patamar das 17 horas ou 17h30.

Cita também a disponibilidade de creches infantis no centro de trabalho, proporcionar tíquetes para a creche e certa redução da jornada de trabalho para poder atender aos filhos dos empregados, assim como as políticas de "flexiseguridade", que se traduzem em proporcionar um ambiente de trabalho muito estável com a incorporação de carreiras profissionais de longo prazo, com a possibilidade de reduzir a jornada de trabalho diária e semanal em função das necessidades que surgem.

Ao que se refere ao clima de trabalho, em cerca de 65% das empresas certificadas, a melhora deste indicador se produz "com certo atraso". Normalmente entre 12 e 16 meses depois da obtenção da certificação, o que é interpretado como "a margem de confiança" que o empregado concede a suas empresas, alinhado com o conhecimento das profundidades, do rigor ou do calado da iniciativa que foi empreendida.

Entre cerca de 30% e 35%, as melhoras no clima são praticamente imediatas ao anúncio dos planos e à certificação por parte da companhia. Os empregados "parecem" antecipar os resultados das políticas EFR em suas percepções dando total apoio e confiança desde o início.


Fonte: Por Expansión, in Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 11

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