2008 não poderia ter sido pior para a imagem das empresas. No mundo todo. A crise começou nas bolsas e as empresas de capital aberto tiveram que enfrentar o mais dos indomáveis stakeholdesrs: o acionista. Pânico, decepção, raiva. Como era de esperar-se, a comunicação com esse público foi um desastre. Sem fazer jogo de palavras, os comunicadores fugiram pelos fundos deixando com os investidores o mico e o travo amargo do descrédito. Não demorou nada e a crise chegou à chamada economia real. Foi democrática. Atingiu – e ainda vai atingir - pequenas, médias e grandes empresas, estatais e não-estatais, multinacionais e nacionais. De todos os setores da economia.
Com o problema da escassez do crédito, a demanda encolheu. Aí, sobrou para os empregados. Demissões em massa. Os números são impressionantes. Na Europa, nos Estados Unidos, no Japão. Por enquanto. Um verdadeiro holocausto. As empresas estão tendo que encarar os funcionários, suas famílias, sindicatos. Menos produção, menos negócios resultam em cancelamento de contratos com fornecedores, isto é, com pequenas e médias empresas, que, por sua vez, mandam também seus colaboradores para casa. Resumo da ópera: além de ter, de uma só vez, problemas com todos os stakeholders importantes – clientes, acionistas, empregados, fornecedores – as empresas ainda têm a sua imagem deteriorada junto à opinião pública.
Para ela, opinião pública, as empresas são, como sempre, as grandes vilãs. No imaginário popular, foram elas, as responsáveis pela lambança. A “eterna ganância, aí está a origem do Mal” – o refrão volta às paradas. Os governos, “abrindo os cofres” - noutras palavras devolvendo o que tomou das empresas e dos cidadãos através de impostos –, faz gentileza com chapéu alheio. Antes da crise, não fizeram a sua parte, fiscalizando, cortando gastos, sendo eficientes, investindo corretamente, etc. Além do mais, botaram gás nos balões do “oba-oba”.
Muitos que estão hoje no poder se elegeram na esteira da exuberância. Agora, lavam as mãos. Posam de bonzinhos. Dão uma de Tonto. “Nós, quem – cara-pálida?” Enfim, a imagem das empresas está no bagaço. Não se sabe quando as coisas vão melhorar. O que se tem certeza é que não vai faltar trabalho para os comunicadores. Quando falo “trabalho” não me refiro à “emprego”. Não quero dizer que as empresas estarão desesperadas atrás de profissionais da área. Ao contrário, acho que o bicho também vai pegar por aqui, ora se vai. [Se em tempos de vacas gordas não era moleza, imagine agora que elas emagreceram]. Como “trabalho” quero dizer “criatividade”, “inteligência”, “bom-senso”, “inovação”.
Os novos tempos não são para receitas de bolo. Nem para o feijão-com-arroz nosso de cada dia. Mais que nunca o comunicador terá que entender de mundo. Compreender e relacionar as questões públicas – cada vez mais universais - aos negócios da empresa. E sabe aquilo tudo que você sabia a respeito dos stakeholders? Esqueça. Eles não são mais os mesmos. Aliás, nem nós somos mais os mesmos, não é verdade?
Ah, não pode faltar no nécessaire reflexões sobre ética empresarial. Feito o dever de casa, montar novos processos, novos programas. Depois, arregaçar as mangas e ir à luta. Xô, xô, 2008! Feliz 2009 para todos nós.
Fonte: Por Roberto de Castro Neves, in www.aberje.com.br
Com o problema da escassez do crédito, a demanda encolheu. Aí, sobrou para os empregados. Demissões em massa. Os números são impressionantes. Na Europa, nos Estados Unidos, no Japão. Por enquanto. Um verdadeiro holocausto. As empresas estão tendo que encarar os funcionários, suas famílias, sindicatos. Menos produção, menos negócios resultam em cancelamento de contratos com fornecedores, isto é, com pequenas e médias empresas, que, por sua vez, mandam também seus colaboradores para casa. Resumo da ópera: além de ter, de uma só vez, problemas com todos os stakeholders importantes – clientes, acionistas, empregados, fornecedores – as empresas ainda têm a sua imagem deteriorada junto à opinião pública.
Para ela, opinião pública, as empresas são, como sempre, as grandes vilãs. No imaginário popular, foram elas, as responsáveis pela lambança. A “eterna ganância, aí está a origem do Mal” – o refrão volta às paradas. Os governos, “abrindo os cofres” - noutras palavras devolvendo o que tomou das empresas e dos cidadãos através de impostos –, faz gentileza com chapéu alheio. Antes da crise, não fizeram a sua parte, fiscalizando, cortando gastos, sendo eficientes, investindo corretamente, etc. Além do mais, botaram gás nos balões do “oba-oba”.
Muitos que estão hoje no poder se elegeram na esteira da exuberância. Agora, lavam as mãos. Posam de bonzinhos. Dão uma de Tonto. “Nós, quem – cara-pálida?” Enfim, a imagem das empresas está no bagaço. Não se sabe quando as coisas vão melhorar. O que se tem certeza é que não vai faltar trabalho para os comunicadores. Quando falo “trabalho” não me refiro à “emprego”. Não quero dizer que as empresas estarão desesperadas atrás de profissionais da área. Ao contrário, acho que o bicho também vai pegar por aqui, ora se vai. [Se em tempos de vacas gordas não era moleza, imagine agora que elas emagreceram]. Como “trabalho” quero dizer “criatividade”, “inteligência”, “bom-senso”, “inovação”.
Os novos tempos não são para receitas de bolo. Nem para o feijão-com-arroz nosso de cada dia. Mais que nunca o comunicador terá que entender de mundo. Compreender e relacionar as questões públicas – cada vez mais universais - aos negócios da empresa. E sabe aquilo tudo que você sabia a respeito dos stakeholders? Esqueça. Eles não são mais os mesmos. Aliás, nem nós somos mais os mesmos, não é verdade?
Ah, não pode faltar no nécessaire reflexões sobre ética empresarial. Feito o dever de casa, montar novos processos, novos programas. Depois, arregaçar as mangas e ir à luta. Xô, xô, 2008! Feliz 2009 para todos nós.
Fonte: Por Roberto de Castro Neves, in www.aberje.com.br
Comentários