Pular para o conteúdo principal

Leitura sustentável para 2009

A título de contribuição intelectual, listamos seis livros importantes, já tratados, de forma direta ou indireta, nesta página de sustentabilidade da Gazeta Mercantil. São obras inteligentes, provocativas e promotoras de idéias novas e vigorosas. Constituem leitura imprescindível para quem quer começar o ano antenado com as mais importantes tendências dessa área.

O ex-presidente Bill Clinton resolveu colocar em livro suas idéias sobre a importância do ato de doar. Trata-se de Doar- Como Cada um Pode Mudar o Mundo (Editora Agir, 238 páginas). A obra combina breves análises, opiniões e crenças de Clinton com histórias de pessoas e organizações com quem conviveu e que, em sua visão, têm feito a diferença na construção de um mundo mais justo.

Sobre Clinton, vale lembrar que, após dois mandatos à frente do governo dos EUA (1993-2001), ela passou a se dedicar à gestão e de uma fundação que leva o seu nome. E hoje emprega seus ativos pessoais na missão de levar assistência médica digna, promover a cidadania e o desenvolvimento econômico em países pobres.

São interessantes as idéias de Clinton sobre como doar dinheiro, tempo, coisas e habilidades. Oportunas também são as teses que ele partilha com o leitor, especialmente as relacionadas ao modo como se pode organizar mercados para atender causas de grande interesse público. No entanto, os depoimentos colhidos no convívio com grandes personagens são, de longe, o melhor do livro. A leitura já valeria a pena pelas passagens com Bill Gates e Warren Buffet. Mas há muitas outras boas surpresas.

Em Um Mundo Sem Pobreza (Editora Ática, 263 páginas) o prêmio Nobel da Paz de 2006, Muhammad Yunus, propõe uma espécie de reinvenção do capitalismo a partir do que ele chama de “empresas sociais”, empreendimentos não focados na idéia do lucro convencional cujo objetivo principal é fornecer produtos e serviços para atender necessidades das populações mais pobres.

Não só pela polêmica tese que defende – vista por muitos como incompatível com o mundo dos negócios --, mas pela maneira convicta como descreve os resultados alcançados pela experiência de joint venture social entre o Grameen Bank e a Danone, na produção de um iogurte fortificado para combater a desnutrição em Bangladesh, o livro vale a pena ser lido da primeira à última página. Experiências como a de Yunus ainda são tratadas como alternativas porque confrontam a lógica vigente da rentabilidade de curto prazo. Mas é bom que elas existam para não nos fazer esquecer de que o melhor lucro é o que está a serviço do bem-estar da humanidade.

Daniel Esty é um dos mais importantes pensadores norte-americanos em estratégia ambiental corporativa. No livro Verde que Vale Ouro (Editora Campus Elsevier, 300 páginas), escrito a quatro mãos com Andrew Winston, o professor da Universidade de Yale mostra como criar vantagem competitiva e adicionar valor aos negócios incorporando as questões ambientais na estratégia de negócio. Bem redigida, didática em ser chata, a obra se destaca pelas boas idéias dos autores, sobretudo pelos estudos de caso nos quais apóiam suas teses. Um dos seus pontos altos é o capítulo que trata das 13 armadilhas nas quais as companhias podem cair ao trilhar o caminho para a sustentabilidade.

Há três obras muito importantes, infelizmente ainda sem tradução para o Português, que valem o esforço de serem adquiridas por meio de um site de vendas internacional.

Uma delas é Plan B 3.0: mobilizing to save civilization (Editora W.W. Norton & Company, 384 páginas), novo livro de Lester Brown, um dos mais renomados ambientalistas do mundo. A tese central de Brown, recentemente convocado por Barack Obama para assessorá-lo em questões ambientais, é de que, à beira de um colapso de recursos, o mundo precisa de um Plano B capaz de rever o atual modelo econômico insustentável.

A solução, segundo o ambientalista, pressupõe seis pontos: erradicar a pobreza e estabilizar a população, restaurar o planeta, alimentar bem oito bilhões de pessoas, planejar melhor as cidades, criar eficiência energética e mudar a matriz para energias renováveis.

Outro livro estrangeiro importante é “Branded - How the certification revolution is transforming global corporations” (New Society Publishers, 320 páginas) de Michael Conroy. Para o autor, a marca consiste no componente mais importante e volátil do patrimônio de uma companhia. Cada dólar investido na expansão desse ativo aumenta os riscos e desafios para a empresa no campo social e ambiental. Os sistemas de certificação, no entanto, podem eliminar esses riscos, contribuindo para as empresas fidelizarem clientes e conquistarem novos mercados.

De acordo com Conroy, a revolução das certificações resulta da combinação de três variáveis: campanhas de marketing desenvolvidas para convencer as companhias a melhorar suas práticas; a criação de sistemas de certificação e a existência de líderes nas companhias convencidos da importância de rever processos e atitudes com vistas à sustentabilidade. A boa notícia é que o livro deve ser editado no Brasil em 2009.

O que ganha uma empresa que resolve basear sua gestão no princípio da sustentabilidade, combinando os aspectos econômicos, ambientais e sociais no negócio. Essa pergunta-central motivou Bob Willard a escrever “The sustainability advantage – seven business cases benefits of triple bottom line”, (New Society Publishers, 203 páginas.)

Com uma linguagem pragmática, o autor, ex- vice-presidente da IBM, revela que os ganhos de uma estratégia focada no triple bottom line são quantificáveis e que os executivos não precisam se tornar ativistas de causas socioambientais para alcançar esses benefícios.


Fonte: Por Ricardo Voltolini - publisher da revista Idéia Socioambiental e diretor da consultoria Idéia Sustentável, in www.ideiasocioambiental.com.br

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

H2OH! - um produto desacreditado que virou sucesso

O executivo carioca Carlos Ricardo, diretor de marketing da divisão Elma Chips da Pepsico, a gigante americana do setor de alimentos e bebidas, é hoje visto como uma estrela em ascensão no mundo do marketing. Ele é o principal responsável pela criação e pelo lançamento de um produto que movimentou, de forma surpreendente, o mercado de bebidas em 11 países. A princípio, pouca gente fora da Pepsi e da Ambev, empresas responsáveis por sua produção, colocava fé na H2OH!, bebida que fica a meio caminho entre a água com sabor e o refrigerante diet. Mas em apenas um ano a H2OH! conquistou 25% do mercado brasileiro de bebidas sem açúcar, deixando para trás marcas tradicionais, como Coca-Cola Light e Guaraná Antarctica Diet. Além dos números de vendas, a H2OH! praticamente deu origem a uma nova categoria de produto, na qual tem concorrentes como a Aquarius Fresh, da Coca-Cola, e que já é maior do que segmentos consagrados, como os de leites com sabores, bebidas à base de soja, chás gelados e su

Doze passos para deixar de ser o “bode expiatório” na sua empresa

Você já viu alguma vez um colega de trabalho ser culpado, exposto ou demitido por erros que não foi ele que cometeu, e sim seu chefe ou outro colega? Quais foram os efeitos neste indivíduo e nos seus colegas? Como isso foi absorvido por eles? No meu trabalho como coach, tenho encontrado mais e mais casos de “bodes expiatórios corporativos”, que a Scapegoat Society, uma ONG britânica cujo objetivo é aumentar a consciência sobre esta questão no ambiente de trabalho, define como uma rotina social hostil ou calúnia psicológica, através da qual as pessoas passam a culpa ou responsabilidade adiante, para um alvo ou grupo. Os efeitos são extremamente danosos, com conseqüências de longo-prazo para a vítima. Recentemente, dei orientação executiva a um gerente sênior que nunca mais se recuperou por ter sido um dia bode expiatório. John, 39 anos, trabalhou para uma empresa quando tinha algo em torno de 20 anos de idade e tudo ia bem até que ele foi usado como bode expiatório por um novo chefe. De

Conselho Federal de Marketing?

A falta de regulamentação da profissão de marketing está gerando um verdadeiro furdunço na Bahia. O consultor de marketing André Saback diz estar sendo perseguido por membros do Conselho Regional de Administração da Bahia (CRA/BA) por liderar uma associação – com nome de Conselho Federal de Marketing e que ainda não está registrada – cujo objetivo, segundo ele, é regulamentar a profissão. O CRA responde dizendo que Saback está praticando estelionato e que as medidas tomadas visam a defender os profissionais de administração. Enquanto André Saback, formado em marketing pela FIB - Centro Universitário da Bahia -, diz militar pela regulamentação da profissão, o Presidente do CRA/BA, Roberto Ibrahim Uehbe, afirma que o profissional criou uma associação clandestina, está emitindo carteirinhas, cobrando taxas e que foi cobrado pelo Conselho Federal de Administração por medidas que passam até por processar Saback, que diz ter recebido dois telefonemas anônimos na última semana em tom de ameaç