Pular para o conteúdo principal

O novo consumidor é velho

Em 2008 o site Mundo do Marketing tentou mostrar como as empresas estão se preparando e como estão vendendo para o consumidor da terceira idade. Acontece que, mesmo diante do crescimento deste público-alvo a olhos vistos, pouquíssimas empresas têm foco nestes clientes.

O Marketing está vivendo ciclos tão curtos, às vezes demasiadamente frívolos, que chegam a ser mais curtos que os próprios produtos. A onda da vez, e faz um tempo, é o consumidor das classes C e D. Toda empresa, principalmente de bens de consumo, que tenha um Marketing mais ou menos estruturado tem estratégias focadas na população que ganhou poder de compra recentemente.

Fala-se sempre do “novo consumidor”, que muda constantemente. Mas, como tudo que tem a sua “moda” no Marketing, o consumidor que ultrapassou 65 anos ainda não está na moda. Hoje a moda é da “baixa renda” e da mobilidade. Já foi do CRM, lembra? Quem não falasse e fizesse de qualquer jeito o tal de CRM estava defasado.

Não que eles não sejam importantes. São imprescindíveis. Depois da bolha da internet, quando ela era a “bola da vez” em 2000, o meio digital sofreu para achar um modelo de sucesso, tal como aconteceu com o CRM. Já o celular usado como ferramenta de Marketing vive momento diferente no Brasil. Diversos players estão indo com calma para não “queimar” o meio. Corretíssimo. Seria este o caminho em direção à terceira idade.

Os números reforçam o potencial de consumo da terceira idade. O Brasil possui mais de 18,5 milhões de pessoas com idade acima dos 60 anos, representando 10,5% da população, segundo o IBGE. Trata-se de um mercado de nada menos do que R$ 7,5 bilhões.

Projeções da Organização Mundial de Saúde preveem que a população idosa atingirá a marca de 1,9 bilhões de pessoas em 2050, o mesmo número de crianças de 0 a 14 anos de idade, como resultado do aumento da expectativa de vida. Neste ano, cerca de 20% da população mundial serão pessoas acima de 60 anos.

Infelizmente, porém, contam-se nos dedos das mãos as grandes companhias que têm estratégias voltadas para a terceira idade, que estudam este público. Em recente reportagem, entramos em contato com dezenas de empresas perguntando quais eram as estratégias, ou pelo menos, se havia algum plano, para este público. A resposta foi um sonoro não.

Na esteira deste desconhecimento, os fornecedores, agências disto e daquilo, sequer falam no assunto. Há pesquisas. Há estudos, mas são poucos. Todos eles concordam em uma coisa básica: o consumidor da terceira idade não gosta de ser chamado, muito menos de ser tratado como velho. E, por isso, a brincadeira com o título. Porque, para as empresas que não estão nem aí para este novo consumidor, ele é velho.


Fonte: Por Bruno Mello, in www.mundodomarketing.com.br

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

H2OH! - um produto desacreditado que virou sucesso

O executivo carioca Carlos Ricardo, diretor de marketing da divisão Elma Chips da Pepsico, a gigante americana do setor de alimentos e bebidas, é hoje visto como uma estrela em ascensão no mundo do marketing. Ele é o principal responsável pela criação e pelo lançamento de um produto que movimentou, de forma surpreendente, o mercado de bebidas em 11 países. A princípio, pouca gente fora da Pepsi e da Ambev, empresas responsáveis por sua produção, colocava fé na H2OH!, bebida que fica a meio caminho entre a água com sabor e o refrigerante diet. Mas em apenas um ano a H2OH! conquistou 25% do mercado brasileiro de bebidas sem açúcar, deixando para trás marcas tradicionais, como Coca-Cola Light e Guaraná Antarctica Diet. Além dos números de vendas, a H2OH! praticamente deu origem a uma nova categoria de produto, na qual tem concorrentes como a Aquarius Fresh, da Coca-Cola, e que já é maior do que segmentos consagrados, como os de leites com sabores, bebidas à base de soja, chás gelados e su

Doze passos para deixar de ser o “bode expiatório” na sua empresa

Você já viu alguma vez um colega de trabalho ser culpado, exposto ou demitido por erros que não foi ele que cometeu, e sim seu chefe ou outro colega? Quais foram os efeitos neste indivíduo e nos seus colegas? Como isso foi absorvido por eles? No meu trabalho como coach, tenho encontrado mais e mais casos de “bodes expiatórios corporativos”, que a Scapegoat Society, uma ONG britânica cujo objetivo é aumentar a consciência sobre esta questão no ambiente de trabalho, define como uma rotina social hostil ou calúnia psicológica, através da qual as pessoas passam a culpa ou responsabilidade adiante, para um alvo ou grupo. Os efeitos são extremamente danosos, com conseqüências de longo-prazo para a vítima. Recentemente, dei orientação executiva a um gerente sênior que nunca mais se recuperou por ter sido um dia bode expiatório. John, 39 anos, trabalhou para uma empresa quando tinha algo em torno de 20 anos de idade e tudo ia bem até que ele foi usado como bode expiatório por um novo chefe. De

Conselho Federal de Marketing?

A falta de regulamentação da profissão de marketing está gerando um verdadeiro furdunço na Bahia. O consultor de marketing André Saback diz estar sendo perseguido por membros do Conselho Regional de Administração da Bahia (CRA/BA) por liderar uma associação – com nome de Conselho Federal de Marketing e que ainda não está registrada – cujo objetivo, segundo ele, é regulamentar a profissão. O CRA responde dizendo que Saback está praticando estelionato e que as medidas tomadas visam a defender os profissionais de administração. Enquanto André Saback, formado em marketing pela FIB - Centro Universitário da Bahia -, diz militar pela regulamentação da profissão, o Presidente do CRA/BA, Roberto Ibrahim Uehbe, afirma que o profissional criou uma associação clandestina, está emitindo carteirinhas, cobrando taxas e que foi cobrado pelo Conselho Federal de Administração por medidas que passam até por processar Saback, que diz ter recebido dois telefonemas anônimos na última semana em tom de ameaç