Pular para o conteúdo principal

Qual o seu diferencial?

As empresas consistentemente vitoriosas reagem antes que o mercado financeiro diga a elas o que fazer, antes que seu volume de vendas entre em queda permanente, antes que um competidor cresça muito e com muita força e, mais importante, antes que seus clientes desistam e decidam gastar seu dinheiro em outros lugares.

Esse é o argumento do livro “Diferenciação no Varejo”, escrito por Willard Ander e Neil Stern, recém-lançado no Brasil pela editora GS&MD.

De Chicago, Stern, que é especializado em planejamento estratégico e desenvolvimento de novos conceitos de varejo, conversou com Consumidor Moderno sobre o conceito central do livro: o modelo MAIS. “Os MAIS do varejo são empresas com uma posição definida no mercado”, explica. São empresas que souberam esculpir e ganhar seu lugar na mente dos clientes. “Elas defendem ferozmente seu espaço, mas também são astutas o suficiente para reconhecer quando é hora de encontrar algo novo”, afirma o escritor que respondeu às nossas perguntas:

Consumidor Moderno: No livro “Diferenciação no Varejo”, você afirma que para ganhar a competição no varejo deve haver diferenciação. Fácil falar, mas difícil colocar em prática…
Neil Stern: Varejistas podem fazer isso sendo absolutamente o melhor em determinada parte de seu negócio. Ou seja, se seu negócio é preço baixo, ele deve honrar esta fama e realmente oferecer o preço mais baixo para que o consumidor saiba diferenciá-lo. É um atributo. No livro, identifico ainda outros atributos, que chamamos de atributos MAIS, como “melhor serviço”, “melhor oferta de lançamentos”, “ponto-de-venda mais conveniente e prático”, e por aí vai. O varejista deve saber identificar qual seu ponto forte e reforçar seu posicionamento baseado nele.

CM: Existe uma receita global para dar certo no varejo? No Brasil é diferente?
Neil Stern: Cada mercado é único em realmente entender as necessidades locais de seus consumidores. Mas os atributos que levam ao sucesso, listados acima tendem a ser universais. Em quase todos os mercados em que estudamos os vencedores se encaixam na teoria do MAIS (ou EST em inglês), ou seja, tem uma posição definida no mercado.

CM: Inovação virou um “mantra empresarial” em praticamente todos os setores. Por que o varejo encontra dificuldades?
Neil Stern: Inovação é vital para o varejo, mas é difícil por uma série de razões. Muitos vendem as mesmas marcas e produtos que seus concorrentes e suas ideias e implementações são fáceis e rapidamente copiadas pelos concorrentes. Com algumas exceções, nada é patenteado. Ao mesmo tempo, varejistas de sucesso precisam construir fórmulas que sejam fáceis de entender e muito difíceis de copiar.

CM: O modelo MAIS é um guia para o sucesso no varejo? Como tirar o melhor proveito?
Neil Stern: Esse modelo pode ser usado de formas diferentes. Permite uma rápida visualização de sua performance atual e ajuda a clarear seu real potencial em atingir a posição desejada no mercado.
Mas precisa ser combinada à pesquisa, planejamento e organização de capacidades e estratégia. Enquanto é fácil identificar um MAIS, pode ser muito difícil se tornar um.

CM: Na sua opinião, quais empresas de varejo do mundo, hoje, estão fazendo certo?
Neil Stern: O modelo MAIS não irá durar para sempre. É difícil se manter em uma posição para sempre. A rede de mercados alemã Aldi, focada em preços baixos, faz um ótimo trabalho, assim como Zara, em mostrar continuamente os mais recentes lançamentos em moda.

McDonald's é um excelente player global: é o MAIS rápido, criou processos que suportam essa fama. Duas redes americanas, Nordstrom e Container Store, realmente entenderam como entregar um serviço ao consumidor superior e fornecer soluções. É exemplo do modelo MAIS Fácil, é prático e conveniente. Por fim, acreditamos que o modelo MAIS Amplo, com sortimento variado é mais difícil de ser atingido em uma loja física. Exemplos como a americana Best Buy, que vende artigos eletrônicos existem, mas são poucos. Varejistas online como Amazon.com ou Zappos são campeões do MAIS Amplo, seu sortimento é inegavelmente um diferencial.


Fonte: Por Ticiana Werneck, in www.consumidormoderno.com.br

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

H2OH! - um produto desacreditado que virou sucesso

O executivo carioca Carlos Ricardo, diretor de marketing da divisão Elma Chips da Pepsico, a gigante americana do setor de alimentos e bebidas, é hoje visto como uma estrela em ascensão no mundo do marketing. Ele é o principal responsável pela criação e pelo lançamento de um produto que movimentou, de forma surpreendente, o mercado de bebidas em 11 países. A princípio, pouca gente fora da Pepsi e da Ambev, empresas responsáveis por sua produção, colocava fé na H2OH!, bebida que fica a meio caminho entre a água com sabor e o refrigerante diet. Mas em apenas um ano a H2OH! conquistou 25% do mercado brasileiro de bebidas sem açúcar, deixando para trás marcas tradicionais, como Coca-Cola Light e Guaraná Antarctica Diet. Além dos números de vendas, a H2OH! praticamente deu origem a uma nova categoria de produto, na qual tem concorrentes como a Aquarius Fresh, da Coca-Cola, e que já é maior do que segmentos consagrados, como os de leites com sabores, bebidas à base de soja, chás gelados e su

Doze passos para deixar de ser o “bode expiatório” na sua empresa

Você já viu alguma vez um colega de trabalho ser culpado, exposto ou demitido por erros que não foi ele que cometeu, e sim seu chefe ou outro colega? Quais foram os efeitos neste indivíduo e nos seus colegas? Como isso foi absorvido por eles? No meu trabalho como coach, tenho encontrado mais e mais casos de “bodes expiatórios corporativos”, que a Scapegoat Society, uma ONG britânica cujo objetivo é aumentar a consciência sobre esta questão no ambiente de trabalho, define como uma rotina social hostil ou calúnia psicológica, através da qual as pessoas passam a culpa ou responsabilidade adiante, para um alvo ou grupo. Os efeitos são extremamente danosos, com conseqüências de longo-prazo para a vítima. Recentemente, dei orientação executiva a um gerente sênior que nunca mais se recuperou por ter sido um dia bode expiatório. John, 39 anos, trabalhou para uma empresa quando tinha algo em torno de 20 anos de idade e tudo ia bem até que ele foi usado como bode expiatório por um novo chefe. De

Conselho Federal de Marketing?

A falta de regulamentação da profissão de marketing está gerando um verdadeiro furdunço na Bahia. O consultor de marketing André Saback diz estar sendo perseguido por membros do Conselho Regional de Administração da Bahia (CRA/BA) por liderar uma associação – com nome de Conselho Federal de Marketing e que ainda não está registrada – cujo objetivo, segundo ele, é regulamentar a profissão. O CRA responde dizendo que Saback está praticando estelionato e que as medidas tomadas visam a defender os profissionais de administração. Enquanto André Saback, formado em marketing pela FIB - Centro Universitário da Bahia -, diz militar pela regulamentação da profissão, o Presidente do CRA/BA, Roberto Ibrahim Uehbe, afirma que o profissional criou uma associação clandestina, está emitindo carteirinhas, cobrando taxas e que foi cobrado pelo Conselho Federal de Administração por medidas que passam até por processar Saback, que diz ter recebido dois telefonemas anônimos na última semana em tom de ameaç