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Sem delegação, só há irritação

Uma das maiores insatisfações existentes no campo das competências gerenciais está situada no processo de delegação.

Relaciono as lamúrias que tem dado mais audiência nas conversas com diretores, gerentes e supervisores.

• “Meu chefe quer que eu faça todas as coisas exatamente iguais, da forma como ele faz. Isso me deixa muito irritado”.
• “O meu chefe não delega NADA. Ele é um típico centralizador. Tudo depende dele. Estou completamente desmotivado. O meu pavio está quase apagando. Ele é um pentelho”.
• “O meu chefe sempre incluí algum toque pessoal no meu trabalho. Numa carta que redigi para um cliente, ele alterou prezado para estimado e atenciosamente, para cordialmente”.
• “Como é que eu posso aprender, se nunca tenho oportunidade de fazer? Me diga uma coisa: como alguém pode aprender a nadar sem entrar na água?”.
• “A minha empresa está simplesmente “rasgando dinheiro”: Remunera o meu chefe para fazer o trabalho que eu sei fazer. Meu chefe faz exatamente as mesmas coisas que eu faço. Estou sentindo que ele está “roubando a empresa” Como devo agir?”.

Exame de consciência
Faça exame de consciência a seguir.

Com base na sua vida real, imagine você sentado no seu “carro” no lugar conhecido como “carona”. O motorista é a sua mulher/marido, filho, ou um amigo próximo. Com todos, você tem liberdade de expressar suas opiniões e sentimentos.

Como você se comporta, tanto do ponto de vista de reações físicas como psicológicas, quando alguém está dirigindo o “seu” carro.

Dois conjuntos de perguntas:

Conjunto A
Você quer que o motorista dirija exatamente como você dirige? Você acha que dirige melhor? Você sente-se inseguro, tenso e ansioso? Você sente uma enorme vontade, incontrolável, de “assumir a direção?” Você dá seguidas “sugestões” e “alertas” ao motorista sobre como conduzir o veículo? Como é o seu timbre de voz? Você “freia”, pressionando o pé direito no assoalho do carro, quando o sinal vermelho aparece repentinamente? Você quer chegar logo no local de destino?

Conjunto B
Você está confortável com o modo que motorista vem dirigindo o “seu” carro na velocidade dentro permitida? Você acredita na capacidade dele dirigir? Você está relaxado e tranqüilo? Você conversa sobre variados assuntos? Você “esquece” que se encontra no “seu” carro? Você reconhece que os cuidados que o seu “motorista” são iguais aos seus?

Causas da indelegação
• Falta de confiança nas pessoas com quem trabalha.
• Medo de perder o controle da situação.
• Achar que quando faço, faço melhor, mais rápido.
• Dificuldades em aceitar que os outros façam ao seu próprio modo.
• Insegurança pessoal.
• Obsessão em colocar sempre em toque final nos trabalho.
• Confusão entre autonomia e independência.

Não irrite seus colaboradores
O processo de delegação de autoridade é o instrumento gerencial mais eficaz para fazer com que as pessoas se desenvolvam. Além do mais, é o mais barato e mais produtivo processo de treinamento que existe, pois acontece em cenário real e com isso o líder está executado uma de suas mais nobres funções: criar herdeiros do seu trono. O gerente só poderá ter condições de ser promovido, se tirar férias tranqüilas, pois sabe que têm pessoas capazes e motivadas a ocuparem o seu atual cargo.

“Desenvolver” traz na sua origem um dos princípios da delegação: des (deixar) envolver.

Deixar de se envolver não significa abdicar, mas estar presente e sabendo os seus colaboradores estão fazendo.

Gerentes ignoram que a responsabilidade é indelegável. Os autênticos líderes sabem que, mesmo delegando, continuam responsáveis pelo êxito ou insucesso de seus liderados. O que se deve delegar é “a autoridade” para que as pessoas possam decidir o que fazer, sem recorrer, sempre, da concordância de seu supervisor.

Autonomia não é independência, agir isoladamente, sem levar em conta as implicações de seus atos para as outras pessoas ou unidades da organização.

Delegar exige conversar com os colaborares sobre: motivação, confiança, conhecimento do trabalho a ser delegado, habilidade para realizar o trabalho. Não se delega para as pessoas que não tenham condições mínimas para executar. Isso é irresponsabilidade.


Fonte: Por J. A. Biscaia - consultor Sênior do INSTITUTO MVC, in HSM Online

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