Uma ferramenta de comunicação capaz de reunir diversas funções pode, em breve, acabar com o poderio que a TV construiu nas últimas décadas. Essa ferramenta já existe e não é a internet via computador. Na opinião de Manuel Castells, considerado por muitos como o principal estudioso da sociedade da informação, o celular é o responsável pelas maiores transformações que acompanhamos atualmente.
“Já houve tempo em que se falava de excesso de comunicação ou de informação por culpa da internet. Hoje, as pessoas sentem a necessidade e se inquietam se não conseguem acessar constantemente os e-mails. Enquanto isso, renunciam voluntariamente à televisão e isso pode ser o verdadeiro início do fim do poder do veículo. O celular se tornou o mais potente e versátil instrumento de conectividade. Nele, se convergem várias mídias. Do acesso à internet aos vídeos, passando pela música e pela troca de mensagens”, explicou Castells, em entrevista ao jornal italiano La Stampa.
“A comunicação sem fio é a tecnologia com a mais rápida difusão na história. Em 1991, os primeiros usuários de celulares eram 18 milhões, hoje são 3,8 bilhões, contra 1,4 bilhão de assinantes de linhas fixas. Sessenta por cento da população mundial está conectada ‘wireless’, com um reflexo imenso na sociedade”, afirmou o sociólogo espanhol, radicado nos Estados Unidos, onde leciona no Annenberg Center para a Comunicação.
Para Castells, o abismo entre os que estão conectados e os que estão fora da Rede tende a se reduzir. “Na África, 30% da renda das pessoas são alocados para a comunicação sem fio. Na era da industrialização, falava-se que sem eletricidade não se comia. Hoje, não se come sem internet”, prosseguiu.
O sociólogo falou também sobre o excesso de informação e os problemas que dele podem resultar. “A comunicação é um processo fundamental da atividade humana, assim a conectividade permanente vira um fator de transformação social. Na sociedade sempre conectada em rede nascem novas figuras no trabalho, novas estruturas familiares, inventam-se relacionamentos e linguagens. Os mais remotos cantos do mundo se expandem e povos antes excluídos passam a ter vez. Mas a postura da tecnologia da informação como promotora do desenvolvimento é uma faca de dois gumes: de um lado, permite se tornar moderno e virar competitivo. De outro, a demora dos que não conseguem a adaptação ao novo sistema tende a se acumular. Está tomando corpo um ‘quarto mundo’, caracterizado pela exclusão social. Sem alfabetização, temos apenas uma confusão de informações”, salientou.
Castells não concorda com os que dizem que a internet deixou de ser ‘uma fonte de riqueza e com liberdade infinita’ que se transformou em um local para ‘desocupados e ‘criminosos cibernéticos’. “O desenvolvimento social depende hoje da capacidade de estabelecer uma interação entre inovações tecnológicas e valores humanos, para que se construa um novo modelo sustentável para a sociedade e para o meio ambiente. A dificuldade é congregar isso com as escolhas políticas. Existe um conflito entre diversos interesses e valores. Falta uma interpretação universal dos processos de transformações”, concluiu.
Fonte: Por Marcos Moura, in www.nosdacomunicacao.com
“Já houve tempo em que se falava de excesso de comunicação ou de informação por culpa da internet. Hoje, as pessoas sentem a necessidade e se inquietam se não conseguem acessar constantemente os e-mails. Enquanto isso, renunciam voluntariamente à televisão e isso pode ser o verdadeiro início do fim do poder do veículo. O celular se tornou o mais potente e versátil instrumento de conectividade. Nele, se convergem várias mídias. Do acesso à internet aos vídeos, passando pela música e pela troca de mensagens”, explicou Castells, em entrevista ao jornal italiano La Stampa.
“A comunicação sem fio é a tecnologia com a mais rápida difusão na história. Em 1991, os primeiros usuários de celulares eram 18 milhões, hoje são 3,8 bilhões, contra 1,4 bilhão de assinantes de linhas fixas. Sessenta por cento da população mundial está conectada ‘wireless’, com um reflexo imenso na sociedade”, afirmou o sociólogo espanhol, radicado nos Estados Unidos, onde leciona no Annenberg Center para a Comunicação.
Para Castells, o abismo entre os que estão conectados e os que estão fora da Rede tende a se reduzir. “Na África, 30% da renda das pessoas são alocados para a comunicação sem fio. Na era da industrialização, falava-se que sem eletricidade não se comia. Hoje, não se come sem internet”, prosseguiu.
O sociólogo falou também sobre o excesso de informação e os problemas que dele podem resultar. “A comunicação é um processo fundamental da atividade humana, assim a conectividade permanente vira um fator de transformação social. Na sociedade sempre conectada em rede nascem novas figuras no trabalho, novas estruturas familiares, inventam-se relacionamentos e linguagens. Os mais remotos cantos do mundo se expandem e povos antes excluídos passam a ter vez. Mas a postura da tecnologia da informação como promotora do desenvolvimento é uma faca de dois gumes: de um lado, permite se tornar moderno e virar competitivo. De outro, a demora dos que não conseguem a adaptação ao novo sistema tende a se acumular. Está tomando corpo um ‘quarto mundo’, caracterizado pela exclusão social. Sem alfabetização, temos apenas uma confusão de informações”, salientou.
Castells não concorda com os que dizem que a internet deixou de ser ‘uma fonte de riqueza e com liberdade infinita’ que se transformou em um local para ‘desocupados e ‘criminosos cibernéticos’. “O desenvolvimento social depende hoje da capacidade de estabelecer uma interação entre inovações tecnológicas e valores humanos, para que se construa um novo modelo sustentável para a sociedade e para o meio ambiente. A dificuldade é congregar isso com as escolhas políticas. Existe um conflito entre diversos interesses e valores. Falta uma interpretação universal dos processos de transformações”, concluiu.
Fonte: Por Marcos Moura, in www.nosdacomunicacao.com
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