A grife de moda praia Água de Coco confecciona seus maiôs e
biquínis em tamanho maior para agradar as mulheres europeias e americanas. O
Grupo MCassab, que atua em indústria, distribuição, trading, varejo e serviço,
criou a marca nuNAAT para vender cosméticos nos Estados Unidos, onde faz
sucesso um xampu que leva alho na composição. Esses produtos dificilmente
fariam sucesso no Brasil, mas são exemplos de como as empresas brasileiras se
adaptam para ganhar mercado em países como China, Estados Unidos, Argentina,
Holanda, Japão ou Alemanha.
Além de conhecer os costumes e as preferências do
mercado externo, é importante entender qual o diferencial do produto a ser
exportado. Veja o caso da Forno de Minas. A empresa vem conquistando, com seu
pão de queijo, um produto genuinamente brasileiro, o paladar de consumidores
americanos, ingleses e até árabes. Mas, para isso, foi preciso se adaptar
também à legislação desses países. “Para os Emirados Árabes, por exemplo,
precisamos do certificado Halal, que garante que não há, no processo de fabricação,
elementos considerados impuros pelo islamismo”, diz Gabriela Cioba, gerente de
comércio exterior da Forno de Minas, que pretende, até 2020, exportar 25% de
sua produção.
A presidente da Associação Brasileira dos Exportadores e
Importadores de Bebidas e Alimentos, Raquel Salgado, afirma que exportar é uma
lição diária, um aprendizado constante. “As relações comerciais em todo o mundo
se baseiam na confiança, na constância da entrega do produto e no cumprimento
de prazos. Isso não pode ser quebrado”, diz Raquel.
Estudos da Agência Brasileira de Promoção de
Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) mostram que tem sido cada vez mais
importante investir na sofisticação dos produtos para se destacar em mercados
que valorizam a qualidade, como os dos Estados Unidos e da Alemanha, bons
destinos, por exemplo, para nossos produtos orgânicos.
“No mercado globalizado, sabor e aroma podem ser os mesmos, mas
a apresentação exige um estudo prévio”, afirma Ming Liu, coordenador executivo
do projeto Organics Brasil. Segundo Liu, a banana-passa, por exemplo, está
ganhando o mercado americano depois que as empresas brasileiras tiraram o
aspecto grudento do produto e elaboraram uma embalagem criativa com pedaços
sortidos.
Estudos da Apex-Brasil indicam que também existem oportunidades
para o Brasil exportar chocolates, café, massas, pescados, sucos e vinho para
os Estados Unidos. Outros produtos, como suco de laranja, carnes bovina, de
frango e suína, café e calçados, têm potencial para conquistar os chineses.
“O ano de 2014 foi difícil para as exportações brasileiras. No
entanto, as empresas apoiadas pela Apex-Brasil cresceram 33,8%, enquanto as
outras tiveram uma redução de 7% nas exportações. Isso mostra a importância de
conhecer a fundo as oportunidades”, diz David Barioni Neto, presidente da
entidade. “Em momentos de dificuldade, o mais importante é não desistir da
estratégica presença internacional”, afirma Barioni. Diversificar os mercados
pode representar uma garantia de sucesso, de sustentabilidade e de bons
negócios.
Fonte: Exame, disponível em http://boo-box.link/21XZ9
Comentários