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Blog é canal de relacionamento

Fomentar discussões entre equipes para estabelecer consensos de atuação, humanizar o ambiente de trabalho com a promoção do diálogo franco e amistoso sem hierarquias, estimular o espírito crítico e a renovação contínua no cotidiano das tarefas, divulgar posicionamentos em linguajar coloquial e ilustrado. Todos estes podem ser usos de um blog numa organização, além de uma outra lista considerável de aplicações. A idéia é experimentar e abrir mais uma ponte de relacionamento com os públicos de interesse, encontrando caminhos e maneiras próprias de servir-se da tecnologia para aproximar pessoas. Este pode ser um rápido resumo do conteúdo desenvolvido no curso “Blogs Corporativos” ministrado pela jornalista e doutora em Comunicação Pollyana Ferrari, na última semana em São Paulo.

Na dinâmica de crescimento da internet, Pollyana faz um retrospecto das diferentes interfaces disponibilizadas para os usuários e audiências, termos que por si só foram substituídos em tempos de web 2.0, num panorama em que todos são agentes e interlocutores. De outro lado, o próprio sistema se auto-regula e bane as condutas equivocadas, ainda que seja sempre indicável estabelecer políticas de participação. Na esteira deste enfoque colaborativo, muitos canais foram criados e estão em processo de amadurecimento, como os blogs, micro-blogs, redes sociais, feeds e outras ferramentas que enriquecem a experiência e torna todos protagonistas. “Chegamos numa fase em que a linguagem se simplifica e passa a existir cada vez menos barreiras entre as pessoas, menos privacidade e mais intimidade”, relata.

Daí vem o neologismo mais tratado na atualidade: o consumer-generated media (CGM) ou mídia gerada pelo consumidor. Trata-se do conteúdo criado e divulgado pelo próprio cidadão, em fóruns, listas, blogs, fotologs, comunidades, grupos, troca de favoritos, sites participativos e comentários, a partir de celulares, palms, emails, mensagens instantâneas. Segundo a professora, é por isto que explodem na rede os sistemas de gerenciamento de conteúdo agregando parte dos usuários por contextos comuns, com liberdade de expressão. E como diminuem os limites entre público e privado, é uma realidade inconstante. “Blog é uma ferramenta muito boa, mas pode se voltar contra você”, alerta ela, acrescentando que nem todas as empresas estão prontas para esta inteface porque também precisa haver um alinhamento interno em torno da transparência e do diálogo. De todo modo, indica que todos os comunicadores e as suas diretorias precisam exercitar o hábito de ler blogs para assim entender o jeito, o linguajar, a forma de postagem para futuras incursões na área, bem como precisam assinar o RSS dos blogs para receber as atualizações e compreender a dinâmica das conversas e temas.

PRÁTICA – O treinamento previu ainda uma série de dicas práticas para lançar e manter blogs. Entre os pontos levantados, as cores foram um item importante, interferindo na legibilidade e também dando significações e motivações específicas dependendo do seu manuseio. A instrutora destaca que a leitura de um texto na tela do computador é 25% mais lenta que a leitura em papel, tendo citado o pesquisador Mario Garcia que comprova que o leitor permanece, em média, sete minutos numa página – exigindo um tamanho que, proporcionalmente, seria a metade do que se escreveria numa versão impressa. Títulos atrativos, com recursos lingüísticos e em uma única linha, e textos em linguagem coloquial em até 900 caracteres por post, com parágrafos curtos e empregando subtítulos e tópicos, são artifícios para reter atenção e despertar a interação. “Além disto, blog tem que ser multimídia, porque cada vez mais as pessoas são multitarefa. Devemos agregar vídeo, podcast, fotos, textos, enquetes, animação, gráficos, ilustração”, sinaliza. Definitivamente, a hipermídia gerou mudanças no comportamento das pessoas, dando fôlego a um novo paradigma de leitura não-linear.

Quanto à periodicidade, blog é um relato diário, e para obter isto se pode fazer um escalonamento dos diretores por dias da semana, contudo com responsabilidade permanente por responder os comentários postados a posteriori, ainda que porventura auxiliados por assessores. No enfoque da franqueza requisitado pelos cidadãos-internautas, não há espaço para blogs fechados, a menos que façam parte de projetos-piloto temporários. Sendo um “cartão-de-visita” da organização, eles têm por essência a necessidade de exposição e interatividade. Também não é indicado o apagamento de posts negativos, a menos que estejam em evidente infração de bom senso ou contra a política do espaço previamente divulgada. Só assim se tornará um ponto de convergência para qualquer público em suas dúvidas ou curiosidades sobre a empresa, e então permitir aos gestores identificar características e preferências por meio do conteúdo e do tom dos comentários deixados. “O fenômeno dos blogs desafia as tendências tradicionais sobre o controle da comunicação das corporações, mídia, governo e mercado. É um novo campo em que todos podem recomendar ou criticar produtos e reputações”, finaliza.


Fonte: Por Rodrigo Cogo - Gerenciador do portal Mundo das Relações Públicas

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