Pular para o conteúdo principal

Funcionário perde a motivação se sabe que tem poucas chances de ser promovido

Jack Welch, o ex-presidente da GE que influencia muitos CEOs, acredita que algumas regras simples ajudam uma empresa a atingir o sucesso. Uma delas é sua célebre fórmula "20-70-10" de avaliação dos funcionários. Premie os 20% mais eficientes, mantenha os 70% intermediários e demita os restantes. Um estudo da Universidade da Califórnia lança um alerta sobre o sistemas de recompensas que Welch ajudou a difundir mundo afora. O ponto é: uma política de prêmios traz sempre o risco de produzir efeito oposto ao pretendido. O que acontece ao funcionário que está na turma dos "mais ou menos" e sabe que dificilmente alcançará a linha de frente da companhia?

A pesquisa foi buscar a resposta nos torneios de golfe. Desde 1999 o esporte é dominado pelo americano Tiger Woods. Seu desempenho superior sobre os demais jogadores impressiona. Em fevereiro passado, ele liderava o ranking mundial com 20 pontos - média da pontuação obtida nos torneios dos quais participou. O segundo colocado possuía menos da metade, 11 pontos abaixo. Nos seus primeiros dez anos de profissionalismo, venceu 54 dos 219 campeonatos que disputou. Ok, Woods não ganha todos os torneios. Mas seus adversários sabem que a chance deles diminui muito quando ele participa, o que é especialmente desgostoso, já que estão em jogo prêmios milionários. Cada torneio da PGA, a associação dos golfistas profissionais, distribui de US$ 4 milhões a US$ 8 milhões. O primeiro colocado de cada torneio recebe 18% desse valor, ou seja, pode pegar até US$ 1,44 milhão.

Jennifer Brown, autora do estudo, resolveu investigar como os jogadores se comportam quando Tiger Woods está em campo. Ao analisar os torneios disputados entre 1999 e 2006, descobriu que os competidores têm um desempenho abaixo de suas médias quando competem com o maior golfista de todos os tempos. Isto acontece mais intensamente com os jogadores que estão bem colocados no ranking. Aqueles que estão mal colocados na tabela e sabem que têm chances nulas de chegar em primeiro são pouco afetados pela sua presença. O fenômeno constatado pela pesquisadora é reforçado nas temporadas em que o talento de Woods brilha com mais intensidade e as perspectivas dos adversários se reduzem. É muito provável que o corpo mole dos rivais mais próximos tenha facilitado as coisas para Woods, que apenas em prêmios faturou US$ 48 milhões no período estudado. Nos cálculos de Jennifer, US$ 4,9 milhões entraram no bolso dele apenas graças à falta de esforço dos adversários.

A pesquisadora acredita que seu estudo é especialmente útil para os negócios. Empresas como IBM, Procter & Gamble, HP e 3M promovem competições entre suas equipes e dentro delas, para incentivar a inovação e melhorar a qualidade dos produtos. Mas a pesquisadora acha que sua pesquisa interessa também aos educadores. "Em sala de aula, um sistema de recompensa pode reduzir o esforço dos que têm menos chances de ganhar prêmios conferidos somente aos melhores", afirma Jennifer.



Fonte: epocanegocios.globo.com

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

H2OH! - um produto desacreditado que virou sucesso

O executivo carioca Carlos Ricardo, diretor de marketing da divisão Elma Chips da Pepsico, a gigante americana do setor de alimentos e bebidas, é hoje visto como uma estrela em ascensão no mundo do marketing. Ele é o principal responsável pela criação e pelo lançamento de um produto que movimentou, de forma surpreendente, o mercado de bebidas em 11 países. A princípio, pouca gente fora da Pepsi e da Ambev, empresas responsáveis por sua produção, colocava fé na H2OH!, bebida que fica a meio caminho entre a água com sabor e o refrigerante diet. Mas em apenas um ano a H2OH! conquistou 25% do mercado brasileiro de bebidas sem açúcar, deixando para trás marcas tradicionais, como Coca-Cola Light e Guaraná Antarctica Diet. Além dos números de vendas, a H2OH! praticamente deu origem a uma nova categoria de produto, na qual tem concorrentes como a Aquarius Fresh, da Coca-Cola, e que já é maior do que segmentos consagrados, como os de leites com sabores, bebidas à base de soja, chás gelados e su

Doze passos para deixar de ser o “bode expiatório” na sua empresa

Você já viu alguma vez um colega de trabalho ser culpado, exposto ou demitido por erros que não foi ele que cometeu, e sim seu chefe ou outro colega? Quais foram os efeitos neste indivíduo e nos seus colegas? Como isso foi absorvido por eles? No meu trabalho como coach, tenho encontrado mais e mais casos de “bodes expiatórios corporativos”, que a Scapegoat Society, uma ONG britânica cujo objetivo é aumentar a consciência sobre esta questão no ambiente de trabalho, define como uma rotina social hostil ou calúnia psicológica, através da qual as pessoas passam a culpa ou responsabilidade adiante, para um alvo ou grupo. Os efeitos são extremamente danosos, com conseqüências de longo-prazo para a vítima. Recentemente, dei orientação executiva a um gerente sênior que nunca mais se recuperou por ter sido um dia bode expiatório. John, 39 anos, trabalhou para uma empresa quando tinha algo em torno de 20 anos de idade e tudo ia bem até que ele foi usado como bode expiatório por um novo chefe. De

Conselho Federal de Marketing?

A falta de regulamentação da profissão de marketing está gerando um verdadeiro furdunço na Bahia. O consultor de marketing André Saback diz estar sendo perseguido por membros do Conselho Regional de Administração da Bahia (CRA/BA) por liderar uma associação – com nome de Conselho Federal de Marketing e que ainda não está registrada – cujo objetivo, segundo ele, é regulamentar a profissão. O CRA responde dizendo que Saback está praticando estelionato e que as medidas tomadas visam a defender os profissionais de administração. Enquanto André Saback, formado em marketing pela FIB - Centro Universitário da Bahia -, diz militar pela regulamentação da profissão, o Presidente do CRA/BA, Roberto Ibrahim Uehbe, afirma que o profissional criou uma associação clandestina, está emitindo carteirinhas, cobrando taxas e que foi cobrado pelo Conselho Federal de Administração por medidas que passam até por processar Saback, que diz ter recebido dois telefonemas anônimos na última semana em tom de ameaç